Acabar com a impunidade

30/07/2015 10:12

A corrupção acompanha o Brasil desde a Colônia: juízes, padres, militares e agentes públicos roubavam

Tem mais corrupção agora ou sempre teve? Será que a maré do momento é porque a mídia está dando cobertura como não dava antes?

Será que é porque a Justiça resolveu punir os culpados? Ou tudo isso ocorre porque a sociedade cansou da impunidade e fez tudo e todos correrem para tentar amenizar o problema?

Seja o que for é o assunto do momento em qualquer lugar.

A novidade é que se começou a punir. A impunidade levava agentes públicos, empresários e políticos a roubarem e ficava tudo por isso mesmo. A Justiça deixava escapar quase todo mundo.

Mostrou levantamento do CNJ que prescreveram quase três mil crimes de corrupção pelo Brasil nos últimos anos. A pessoa que comete o delito sabe que isso pode acontecer. Agora, com as mesmas leis de antes, mudou o quadro.

A novidade do momento é a delação premiada. Uma invenção que está ajudando a encontrar o caminho do dinheiro.

E, não custa nada sonhar, um dia pode acabar a presunção de inocência para os casos de corrupção. Quem fosse condenado em primeira instância por corrupção ia para a cadeia e dali poderia apelar para onde fosse.

A corrupção acompanha o Brasil desde seu início. No período colonial, juízes, padres, militares, agentes públicos roubavam.

No Império, ou porque se divulgou pouco ou por motivo não bem claro ainda, se detectou menos casos de corrupção.

Na República, ou melhor, quanto mais forte ficava o Estado brasileiro mais aumentava a corrupção.

Cresceu para patamares altos com as tantas estatais que apareceram. Quanto mais presença do Estado na economia mais se metia a mão no cofre público.

Rouba-se até remédio para doentes, mas o grande filão está mesmo nas estatais e nas obras públicas delas ou diretamente dos governos.

Quanto mais o Estado estiver fora da economia será melhor para o país. Já imaginou se telecomunicação, aço e sei lá mais o que ainda fossem estatais?

Alega-se que a telecomunicação foi vendida por preço baixo. Se fosse até de graça, tendo em vista o roubo que ocorre com as estatais, teria sido um bom negócio.

Uma obra feita pelo DNIT fica muito mais cara do que pela iniciativa privada. Seria bem melhor passar a construção de rodovias para a iniciativa privada do que ser feita pelo DNIT.

A estrada ficaria mais barata e de melhor qualidade, além do empreiteiro ter que pagar o empréstimo com juros ao BNDES.

O empreiteiro não ia fazer uma obra ruim para gastar mais lá na frente.

É ou não é melhor pagar pedágio para se ter algo de qualidade? É ou não é mais barato para a sociedade pagar pedágio do que deixar que roubem na construção da obra?

O artigo tem muitas perguntas e poucas respostas. Ainda bem que tem muitas perguntas, antes só havia uma certeza: impunidade.

Por Alfredo da Motta Menezes –  Historiador  e analista político em Cuiabá.
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www.alfredomenezes.com

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