23/09/2015 02:57
O BC ofertou US$ 3 bilhões para quem precisava de moeda estrangeira emprestada, e o Tesouro apareceu como comprador de títulos para atender a quem queria vender papéis. Ao fazer isso, reduziu a oferta de venda e segurou os preços —quanto menor o valor do papel, maior o juro pago ao investidor.
A ação dos dois órgãos contribuiu para reduzir a pressão sobre o dólar e sobre os juros, produzindo um ligeiro recuo ao longo da tarde. Ainda assim, esses preços fecharam em alta em relação a sexta-feira (18).
Antecipando-se ao mercado, o Tesouro informou que fará outra operação extraordinária nesta terça (22). O BC ainda não divulgou se atuará novamente emprestando dólares das reservas.
Nervosismo
Investidores estão apreensivos em relação à economia brasileira e à capacidade do governo de segurar a inflação e colocar as contas em dia.
O IBC-Br (Índice de Atividade Econômica do Banco Central), por exemplo, recuou 0,02% em julho na comparação com junho. Depois de três trimestres seguidos de queda, acumula ainda retração de 2,74% no ano e de 1,93% em 12 meses.
De acordo com a pesquisa semanal do BC com economistas, a economia vai recuar 2,7% em 2015 e 0,80% no ano que vem. As projeções têm piorado com as dificuldades do governo para equilibrar as contas públicas.
Pelas estimativas desses analistas, os gastos do setor público vão superar as despesas em 0,2% do PIB neste ano. O governo trabalha com resultado positivo de 0,15%.
Para 2016, a previsão é resultado zero (nem deficit nem superavit). Para o governo, esse deve ser o resultado se a recriação da CPMF não for aprovada no Congresso.
Também tem sido colocada em dúvida a capacidade do BC para segurar a inflação. Pelas projeções, o IPCA (índice oficial de preços ao consumidor) deve fechar o ano com alta de 9,34%, seguida de um avanço de 5,7% em 2016.
O governo mantém o objetivo de trazer o IPCA para 4,5% no próximo ano, mas o mercado avalia que a meta só será alcançada em 2018.
No primeiro semestre, os analistas chegaram a reduzir as projeções para o índice de preços para os próximos dois anos, mas a alta do dólar e a piora nas contas públicas estão fazendo o BC perder a “batalha das expectativas”.
Dólar
A piora nas projeções também reflete duas semanas seguidas de más notícias.
A arrecadação caiu quase 10% em agosto, e, depois de perder o selo de bom pagador pela S&P, o país corre o risco de ser rebaixado pelas outras duas grandes agências de classificação.