Nelson Barbosa tenta acalmar mercado na reta final de 2015

20/12/2015 12:32

Na sexta-feira, com sua nomeação já dada como certa, o dólar subiu mais de 1% e a Bolsa de Valores caiu 2,98%. O ministro deve repetir que não irá abandonar o ajuste fiscal e vai cumprir a meta de superávit primário de 0,5%.

Nome mal recebido pelo mercado financeiro, Nelson Barbosa, antes mesmo de tomar posse no Ministério da Fazenda, agendou para esta segunda-feira conferência por telefone com investidores nacionais e estrangeiros na busca de acalmar os negócios com dólar e ações.

Na sexta-feira, quando seu nome já era dado como certo para substituir Levy no comando da equipe econômica do governo Dilma Rousseff, o dólar subiu de mais de 1% e a Bolsa de Valores caiu 2,98%. O anúncio oficial ocorreu depois do mercado fechado.

A equipe de Nelson Barbosa estava organizando, neste domingo, a conferência com os investidores, marcada para as 12h desta segunda a fim de o ministro “apresentar sua estratégia e esclarecer dúvidas”. Sua posse, no Palácio do Planalto, está agendada para as 17h. Levy participará da cerimônia.

Na conversa com o mercado, que sempre teve reservas a seu nome, o novo ministro da Fazenda vai repetir que não abandonará o ajuste fiscal, assumirá o compromisso de cumprir a meta de superavit primário de 0,5% do PIB (Produto Interno Bruto) em 2016 e dará as principais linhas de sua estratégia à frente da equipe econômica.

O mercado, porém, não acredita que o governo Dilma consiga fechar o próximo ano no azul. As previsões são de novo deficit, de 0,9% do PIB. Seria o terceiro ano seguido sem que o setor público economize para pagar juros da dívida pública, um indicativo ruim, que já levou o país a perder o grau de investimento de duas agências de classificação de risco.

A iniciativa do novo titular da Fazenda de agendar a conferência com investidores foi bem recebida pelo mercado. Analistas lembram que Levy assumiu com elevada expectativa, mas frustrou o mercado. Já Nelson Barbosa, dizem, pode surpreender porque entra sob suspeita por seu estilo mais desenvolvimentista.

Barbosa passou o fim de semana reunido com sua equipe, cuidando das primeiras ações à frente do Ministério da Fazenda e da montagem de sua equipe.

Pedaladas

Ele precisa decidir, nos próximos dias, quanto irá pagar ainda neste ano do passivo das chamadas pedaladas fiscais, avaliado em R$ 57 bilhões. Antes de virar ministro da Fazenda, ele defendia o pagamento total desta conta para não transferir o peso desta despesa para o Orçamento do ano que vem.

Agora, assessores dizem que, antes, ele quer conversar com a equipe do Tesouro Nacional para tomar uma decisão sobre o assunto. Se pagar todo o passivo das pedaladas, o governo fechará o ano com um deficit primário de quase R$ 120 bilhões.

Nesta segunda, Barbosa terá uma reunião com o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, para tratar do assunto. O Tesouro tem com o banco uma dívida superior a R$ 24 bilhões. Precisa ainda quitar dívidas com o Banco do Brasil e o FGTS.

Equipe

Em relação à sua equipe, dois nomes são dados como certo. Dyogo Oliveira será seu secretário-executivo na Fazenda, posto que já ocupou anteriormente. Atualmente, ele ocupa o mesmo cargo no Ministério do Planejamento.

Manoel Pires, secretário de assuntos econômicos do Planejamento, deve assumir a Secretaria de Política Econômica da Fazenda.

A expectativa está em torno do nome que Barbosa vai escolher para comandar o Tesouro, área vital para a implementação do ajuste fiscal. O atual secretário, Marcelo Santieve, já havia acertado com Joaquim Levy que deixaria o cargo no início de 2016.

 

Fonte Valor Econômico e Folhapress
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