Milho – Brasil se consolida como grande player do cereal

11/01/2016 01:16

O ano de 2016 começa com os preços do milho em alta no mercado interno, puxados pelo ritmo forte das exportações no último trimestre de 2015. No acumulado do ano, pode ultrapassar o recorde de 2013

A desvalorização do Real tornou o produto brasileiro mais competitivo e vem favorecendo a realização também de contratos referentes ao grão a ser colhido em 2016. Com isso, os preços domésticos podem seguir sustentados neste novo ano. Na BM&FBovespa, os contratos que vencem até setembro de 2016 operam em níveis superiores aos observados no mesmo período de 2014, para vencimento em 2015.

Com maior competitividade internacional, vendedores adiantaram consideravelmente a comercialização da nova safra. Em Mato Grosso, segundo o Imea, até o início de dezembro, haviam sido comercializados 53,5% da produção prevista para a próxima safra, enquanto que, no ano passado, as vendas equivaliam a apenas 11,5% da produção 2014/15. No Paraná, o Deral/Seab indicava que, até o final de novembro, 72% do milho segunda safra 2014/15 já tinha sido vendido, em face de 55% da safra 2013/14 há um ano. Com grande parte do milho já comercializado, a tendência é que os preços sigam se sustentando neste início de ano, influenciando inclusive na alta dos contratos futuros.

Os atuais níveis de preços podem levar produtores a manter a área cultivada na segunda safra que, a depender do clima, pode gerar oferta semelhante à de 2015. As vendas externas, portanto, continuarão sendo o grande balizador de preços no mercado interno.

O milho primeira safra mais uma vez teve redução de área, principalmente em favor da soja, que estava com preço elevado no período de tomada de decisão. Segundo a Conab, a área da primeira safra de milho 2015/16 está estimada em 5,73 milhões de hectares, diminuição de 6,7% em relação à anterior. A produtividade média nacional é prevista em 4.797 kg/ha, redução de 2,1%. Sob essas bases, a oferta nacional do verão seria de 27,5 milhões de toneladas, 8,6% inferior à de 2014/15 e a menor em 11 anos.

Ainda segundo a Conab, no final de janeiro, os estoques devem estar na casa de 11,2 milhões de toneladas, caso sejam exportadas as 29,7 milhões de toneladas previstas para atual temporada – até a terceira semana de dezembro, haviam sido embarcadas 27,1 milhões de toneladas. Portanto, no primeiro semestre, haveria disponibilidade de 38,7 milhões de toneladas (colheita verão + estoques de passagem), o que representa 67% de todo o consumo interno de 2016, estimado em 58,2 milhões de toneladas, um recorde.

Assim, novamente, recaem sobre a segunda safra os principais fatores de impacto sobre os preços ao longo da temporada 2015/16. Considerando-se a mesma área cultivada na segunda safra de 2014/15 (estimada pela Conab), mas com produtividade média nacional 0,1% menor, a oferta de inverno poderia chegar a 54,5 milhões de toneladas. Somado este volume aos estoques iniciais, à oferta da primeira safra e a um pouco de importação, a disponibilidade anual de milho chegaria a 93,75 milhões de toneladas. Descontando-se o consumo interno, o excedente seria de 35,42 milhões de toneladas, 13,3% menor que as 40,89 milhões de t recordes de 2015 – dados da Conab.

Mais uma vez as exportações serão determinantes para a formação dos preços internos. A expectativa é que permaneçam aquecidas, principalmente devido ao câmbio favorável à competitividade do grão brasileiro. A Conab estima 28 milhões de toneladas embarcadas entre fev/16 a jan/17, enquanto o USDA aponta 34 milhões de toneladas entre mar/16 e fev/17.

Regionalmente, por enquanto, há estimativas para segunda safra apenas em Mato Grosso e Paraná que, juntos, foram responsáveis por quase 60% da oferta de milho da segunda safra nos últimos anos.

O Imea sinaliza que a área cultivada com milho na segunda temporada em Mato Grosso deve ser 2,6% maior, em torno de 3,39 milhões de hectares. Já a produtividade, pode baixar, de 106,9 sacas por hectare para 98,1 sc/ha. Com isso, o estado produziria 19,96 milhões de toneladas, 5,9% a menos que no ano anterior. A queda na produtividade pode ser resultado do atraso no plantio da soja, após as chuvas escassas no último trimestre do ano, que podem afetar a cultura do milho.

No Paraná, o Deral/Seab aponta preliminarmente crescimento de 5% da área, para recorde superior a 2 milhões de hectares. Caso a produtividade diminua em 2%, a colheita ainda seria de 11,75 milhões de t, aumento de 3%.

 

Fonte - CEPEA
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