Os poderes e os interesses por trás do preço do petróleo

28/01/2016 12:51

O que será que motiva os interesses de alguns setores e classes, a estimularem um peso para a queda do valor da commoditie no mercado internacional?

Muitos especialistas concordam que a queda do preço do petróleo é artificial. Falta consenso, no entanto, sobre quais são as forças econômicas que estão coordenando essa derrubada e por quê.

Alguns enxergam a queda como um movimento geopolítico dos Estados Unidos para desestabilizar países fora do seu eixo de influência (como Rússia, Irã, Nigéria, Venezuela e Brasil). Outros entendem que a derrubada é puxada pela OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) para barrar o desenvolvimento das fontes não convencionais (o shale gas nos Estados Unidos e o pré-sal no Brasil).

No entanto, todos concordam que a crise não é nova e não está perto de acabar. Os mais otimistas prevêem pelo menos mais dois anos de preços baixos (na casa de US$ 30 ou menos) até que haja uma retomada e estabilização em patamares mais confortáveis (provavelmente em torno de US$ 70). Os pessimistas falam em cinco anos.

O shale gas (xisto betuminoso) deve sobreviver. Os Estados Unidos dispõem de mecanismos de proteção, de modo que o dinheiro já investido e a tecnologia já desenvolvida devem ser suficientes para continuar a produção, mesmo que em ritmo mais lento do que previsto inicialmente. Ofracking (técnica para extração) funciona, as reservas são abundantes e não vão sair do lugar.

A lógica no pré-sal é a mesma, mas a Petrobras precisa vencer a crise política e a cadeia de valor precisa sobreviver ao desmanche provocado pela frustração dos investimentos.

Sobre o assunto, a reportagem ouviu o professor Georgio de Tomi, chefe do Departamento de Engenharia de Minas e Petróleo (PMI) da Escola Politécnica (POLI) da Universidade de São Paulo (USP). Para ele, é “tolice” imaginar que uma empresa estrangeira fosse operar no pré-sal melhor do que a Petrobras. “O desafio tecnológico é o mesmo”.

E não é absurda a iniciativa da empresa de vender ativos de negócios secundários na baixa do mercado. “É uma tática de sobrevivência para manter o controle”, acredita. “Pensando no longo prazo, pensando no portfólio de controle de risco – que eles vão precisar manter no nível sofisticado que eles têm hoje, com simulações e cenários de diferentes níveis de risco para tomar decisão de onde investir nas águas ultraprofundas, que é a grande fonte do futuro para a empresa – faz sentido”.

O professor falou sobre os motivos da queda do preço do petróleo, os riscos econômicos e ambientais do shale gas e a viabilidade econômica do pré-sal.

Abaixo, os principais trechos da entrevista:

GGN – O que está motivando a queda do preço do petróleo?

Georgio de Tomi – Em minha opinião é, principalmente, a movimentação do shale gas e a ameaça do pré-sal. Como são duas reservas consideráveis de recursos naturais, o pessoal se mobilizou para estancar um pouco esse crescimento.

Todo aquele oba-oba que a gente tinha em relação ao pré-sal diminuiu o ritmo radicalmente por causa disso. Não é coincidência ou um negócio do acaso, é um desenho da OPEP, ela está acostumada a se defender e garantir o mercado dela.

GGN – Então, a OPEP é que está forçando a baixa do preço para afetar essas reservas não convencionais?

Georgio de Tomi – Não sei se seria a OPEP em si, mas com certeza são os produtores de petróleo.

GGN – Os produtores de petróleo convencional…

Georgio de Tomi – Isso. Pode ser uma iniciativa liderada pela Arábia Saudita, talvez. Eu não sei te dizer quem é a cabeça.

Mas eu vejo a OPEP como a definição genérica dos grandes produtores, dos tradicionais produtores, que se sentiram e se sentem ameaçados com o crescimento do shale gas e com a perspectiva do pré-sal, com o compromisso que o governo brasileiro mostrou na última década em relação ao pré-sal.

Isso pode ter mobilizado as preocupações desse pessoal e gerado as reações deles.

GGN – Mas esses países não perdem uma receita importante com o preço tão lá em baixo?

Georgio de Tomi – É. Mas é uma perda calculada, em minha opinião. Qualquer oligopólio, para não dizer cartel, se organiza e mede a perda de curto prazo com perspectiva de ganho ou de controle no longo prazo.

Eles têm capacidade, têm tradição e já mostraram que sabem fazer isso bem ao longo das décadas que estiveram controlando o preço do petróleo.

GGN – No ano passado, a OPEP se reuniu para discutir uma redução da produção como maneira de segurar o preço. Era um movimento calculado também?

Georgio de Tomi – Sim. E também tem o lado do marketing, da percepção internacional da atuação deles, que pode ficar mais elegante se mostrarem que estão preocupados com a queda do preço.

Agora, com esse reingresso do Irã no comércio internacional isso vai afetar bastante as perspectivas de preço, eles vão ter que levar isso em conta também.

GGN – A tendência é que o preço continue a cair?

Georgio de Tomi – Pelo menos vai ser mantido nesse patamar até as coisas se reequilibrarem.

GGN – Tem uma explosão de oferta e uma demanda estabilizada?

Georgio de Tomi – Eu acho que, mais do que tudo, tinha previsões de crescimento muito grandes, até ambiciosas.

Se você pegar o plano plurianual da Petrobras que tinha sido publicado no ano passado, ele previa um crescimento muito ambicioso. E isso teve que ser revisto em função do cenário internacional.

Eu vejo que há uma guerra de preços. A guerra do petróleo que está acontecendo é para evitar que novos entrantes, não tradicionais, possam ocupar o espaço daqueles produtores tradicionais.

GGN – É uma guerra por mercado…

Georgio de Tomi – Por mercado. Que já vem há décadas. E a gente está passando por um momento crítico por causa dessas duas grandes perspectivas inusitadas.

O shale gas, que é a tecnologia desenvolvida para fazer o fracking e conseguir aproveitar aquele gás de forma muito mais eficiente.

E o pré-sal, que ninguém acreditava… na década de 60 ninguém acreditava na Petrobras, quando eles foram para águas profundas, para Macaé. E eles dominaram isso daí, ganharam a batalha e viraram autossuficientes.

Então, quem observou a Petrobras nos anos 60 – que ninguém acreditou e que superou o desafio das águas profundas – agora que ela está indo para águas ultraprofundas, vai pagar para ver?

Acho que eles não pagam para ver não.

GGN – Com o preço lá em baixo, a exploração do shale gas, do xisto betuminoso, é prejudicada? O custo é muito mais alto?

Georgio de Tomi – Nos Estados Unidos eles têm os mecanismos de proteção. Eles estão sofrendo, pode estar afetando a competitividade do shale gas, mas eu não acredito que vai parar de jeito nenhum.

O que eles fizeram foi diminuir o crescimento, muito similar ao que a Petrobras fez. Ela diminuiu não a produção, mas a previsão de crescimento dessa produção. Porque é difícil pensar que o preço vai ficar muito tempo nesse patamar.

GGN – A tendência é que volte a subir em um futuro próximo?

Georgio de Tomi – Eu participo de algumas reuniões com especialistas e tem gente falando em dois anos. Tem outros mais pessimistas falando em cinco anos. Para voltar a um patamar de US$ 70.

GGN – Alguns analistas dizem que as empresas exploradoras de shale gas, nos Estados Unidos, estão endividadas e necessitando de mais investimentos. Os Estados Unidos estão colocando dinheiro do orçamento? Tem um risco de o xisto ser a próxima bolha a estourar lá e afetar o mundo?

Georgio de Tomi – Não acredito. Porque a tecnologia é conhecida e está funcionando. Pode ser uma questão de competitividade.

Mas eu duvido que essa indústria quebre por falta de investimento. Porque o dinheiro que tem e a tecnologia que já existe são suficientes para continuar a produção. Com certeza.

Mas o que acontece? Uma coisa que todo mundo notou é que o interesse ímpar, ou peculiar, das ONGs ambientais em relação ao fracking.

‘Vai afetar a água’ e etc e tal. Isso daí foi uma reação exacerbada que não acho natural. Tem tanto problema de saneamento básico nos Estados Unidos, tanto problema de contaminação antiga. Por que vai todo mundo em cima do fracking?

Claro que tem que ser uma coisa equilibrada, tem que ouvir a opinião dos ambientalistas e eles têm que participar do processo. Mas não na intensidade que apareceu de repente.

GGN – O risco ambiental, então, dessa exploração não é tão maior do que outras fontes?

Georgio de Tomi – Não é. De jeito nenhum. Mas claro que o processo tem que ser conhecido melhor e acompanhado no longo prazo para saber se realmente existe algum efeito no equilíbrio dos aquíferos e tudo.

Ou seja, tem que fazer um acompanhamento de longo prazo, ter áreas de teste e áreas de controle, ver diferenças e fazer um estudo científico. Não pode, por um lado, dizer que está tudo bem sem conhecer detalhadamente no longo prazo os efeitos, mas também não pode falar que é tudo mal e não pode fazer isso [explorar as reservas].

Como qualquer outra iniciativa de aproveitamento de recurso natural o foco tem que ser em desenvolvimento sustentável. É muito ingênuo falar que a sociedade não precisa.

Como não precisa? Vai continuar pagando o preço que a Arábia Saudita determina? Agora que está baixo, volta para o petróleo, deixa os investimentos do fracking para lá? Semana que vem eles aumentam o preço do petróleo e o país fica na mão de novo.

GGN – Algumas pessoas dizem que a Arábia Saudita é um grande parceiro comercial dos Estados Unidos. Então, não é bem assim, os Estados Unidos são reféns da oferta da Arábia Saudita?

Georgio de Tomi – É. Eu falo Arábia Saudita como um possível líder desse movimento, por causa da quantidade de reservas e o custo baixo que eles têm. Então, eles conseguem controlar os preços internacionais.

GGN – Nós tínhamos ouvido uma teoria contrária. De que a queda do preço é artificial, mas não estaria sendo puxada pela OPEP, seria encabeçada pelos Estados Unidos, com motivação geopolítica. Qual sua opinião?

Georgio de Tomi – Eu não me surpreenderia se fosse isso. A gente já viu acontecer outras vezes. Desde a época da colonização a gente sabe que a América do Sul, de maneira geral, é uma fonte de recurso para a América do Norte.

Eu nunca analisei essa possibilidade, mas não me surpreenderia se fosse isso mesmo.

GGN – E essas reservas de shale gas são abundantes? Tem ainda muitos anos de exploração pela frente?

Georgio de Tomi – Ah sim, tem bastante coisa. Porque o gás fica preso lá dentro e quando você cria algum tipo de fissuramento, microfissuramento, ele se libera e você pode aproveitar ele.

Então, é um recurso natural muito estratégico. Claro, é limitado como qualquer recurso natural, mas tem quantidades muito grandes.

Jornal GGN – Então, esperar que o preço se estabilize quando se esgotar essas reservas é impensável?

Georgio de Tomi – Acho que não. Não é para a nossa geração não.

Jornal GGN – E qual é a importância da China como comprador? Quem está brigando pelo mercado chinês agora? Para eles é bom esse preço do barril a US$ 30?

Georgio de Tomi – Deve ser. Eu sei que eles têm muitos laços com os países do Pacífico. Eu não sei até que ponto a gente faz parte… como a gente poderia ser uma força nesse mercado da China.

Eu sei que eles têm laços, especialmente de gás, com países próximos e alguns mais distantes. Até com a Austrália eles têm um acordo de fornecimento de gás muito intenso. Então, acho que eles têm aqueles laços já estabelecidos que talvez a gente seja apenas participante do ponto de vista do mercado internacional.

GGN – Dizem que o Iraque estava praticando preços abaixo do mercado para garantir a China como cliente…

Georgio de Tomi – Pode ser.

GGN – E o pré-sal? O barril de petróleo cotado a US$ 30 compromete muito a viabilidade econômica?

Georgio de Tomi – Sim. Parece que está no limiar. Especialistas falam entre US$ 40 e US$ 50 para poder ser competitivo. Então, US$ 30 realmente afeta.

E isso muda qualquer planejamento estratégico, qualquer plano de longo prazo. A perspectiva de ficar US$ 30 por muito tempo assusta qualquer investidor e qualquer gestor de um negócio com esse nível de risco que o pré-sal tem.

GGN – E aí qual é a melhor solução? Sentar em cima da reserva e esperar um sinal positivo do preço?

Georgio de Tomi – Eu acho que não. Nesse ponto, volto ao Monteiro Lobato, ‘o petróleo é nosso’.

GGN – Então, entregar para a exploração da iniciativa privada estrangeira também está fora de cogitação?

Georgio de Tomi – Pensa bem. Na década de 60 tinha a Arábia Saudita, o Irã, o Iraque e um sentimento de ‘Que nada! Ir para o mar tirar petróleo? Imagina! Uma empresinha de terceiro mundo não vai conseguir fazer isso’.

E eles sozinhos [os técnicos da Petrobras] foram lá e desenvolveram a tecnologia, os processos, as estratégias. E mecanismos sofisticados de controle de risco de investimento para fazer funcionar.

E foi um grande sucesso, é um modelo internacional. O que aconteceu na região de Macaé era impossível nos anos 60 – conseguir uma alta produção longe do continente. E foi um sucesso. Então, eles superaram aquele obstáculo.

Muitas pessoas daquela época são executivos seniores na empresa atualmente. Eles não têm medo. Eles sabem que é um desafio, mas sabem que já conseguiram superar uma vez e que vão conseguir superar de novo.

GGN – Imaginar que uma empresa estrangeira fosse conseguir explorar o pré-sal melhor do que a Petrobras…

Georgio de Tomi – É tolice! O desafio tecnológico é o mesmo. A capacidade de desenvolver esse desafio tecnológico é a mesma.

GGN – E o know how da Petrobras já está estabelecido…

Georgio de Tomi – E mais do que tudo: é a confiança de superar um obstáculo que você não conhece direito, mas como já superou o outro que também não conhecia, esse aí você vai superar também.

Eu sinto isso muito forte lá dentro do corpo técnico da Petrobras, em todos os níveis.

GGN – E essa crise política não mexe com a moral da empresa?

Georgio de Tomi – Afeta o entusiasmo do pessoal técnico. Mas por outro lado eles mantêm uma atitude positiva, dizendo: ‘não fui eu que criei o problema, eu vou continuar com o meu trabalho e meu desafio e com orgulho de usar essa camisa’. Eu sinto isso muito forte.

Mas claro que sempre – nas reuniões técnicas que eu participo – você sente que tem uma sombra, um assunto que ninguém fala e que incomoda todo mundo. Eu não acho que ele está atrapalhando a avançar, mas ele está lá, com certeza.

GGN – A Petrobras diz que não vai a mercado se capitalizar, ao invés disso, eles vão vender ativos. Quais são os prós e os contras de ir a mercado versus vender ativos? É sábio vender ativos na baixa do mercado? O preço não vai ser necessariamente mais baixo?

Georgio de Tomi – É. Mas é uma tática de sobrevivência para manter o controle.

Eu não saberia dizer qual das duas é mais vantajosa, mas esse negócio de ser uma empresa 100% nacional, com participação do governo e tudo, penso que existe uma resistência em abrir capital, ou abrir uma parte do investimento para capital externo.

Imagino que eles prefiram vender ativos que não são o foco do negócio deles do que abrir mão do controle.

GGN – Então, faz sentido, por exemplo, vender a Braskem e a Transpetro mais do que abrir mão do controle porque não é o core business da empresa?

Georgio de Tomi – Eu acho. Pensando no longo prazo, pensando no portfólio de controle de risco – que eles vão precisar manter no nível sofisticado que eles têm hoje, com simulações e cenários de diferentes níveis de risco para tomar decisão de onde investir nas águas ultraprofundas, que é a grande fonte do futuro para a empresa – faz sentido.

GGN – Voltando ao preço do barril. Além de afetar a receita da Petrobras e os planos para o futuro, há também uma questão dos royalties, uma questão fiscal, da arrecadação dos estados e municípios. O senhor poderia comentar?

Georgio de Tomi – Mais do que os mecanismos ou as causas, eu te falo sobre os efeitos.

Eu vou frequentemente para Macaé, que é um dos principais polos tecnológicos da indústria do petróleo no Brasil e é impressionante a mudança socioeconômica do entorno do município nos últimos 12 meses.

É incrível. Eu vi poucas vezes na minha vida uma situação em que uma cidade tenha sido afetada tão radicalmente por uma mudança de mercado. Está sendo impressionante o que acontece com aquela região.

Com o crescimento da indústria, teve um bum tecnológico, habitacional, de infraestrutura. E agora com esse recuo do mercado, paralisou obras, tem um monte de construções interrompidas, de espaços comerciais abandonados, disponíveis, sem busca, sem ninguém para ocupar.

Eu fiquei chocado vendo isso. Eu me lembro que a última vez que eu fui, deve fazer uns três meses, chegando com o ônibus intermunicipal de linha, eu estava sentado na frente e a gente entrou na cidade e eu estava estarrecido com o que eu estava vendo, comparado ao que eu estava acostumado, aquela agitação, aquela movimentação, e estava tudo parado e eu olhando fixamente o entorno. Eu estava na primeira fileira. O motorista do ônibus olhou para mim e falou: ‘é, a coisa tá feia mesmo’. Ele viu pela minha expressão que eu estava chocado.

GGN – A Operação Lava-Jato tem alguma parcela de responsabilidade nisso também, será?

Georgio de Tomi – Duvido. Acho que é 100% mercado. Porque ali é um centro tecnológico. Eu não vi como poderia ser um efeito da Lava-Jato em nenhum momento.

Você imagine: a Petrobras tem um plano ambicioso de crescimento, você é fornecedor, você direciona todos seus recursos para o local onde vai ter esse crescimento. Aí essa empresa muda o plano de crescimento, você corta seu investimento e bota sua energia em outro lugar. Então, esse lugar acaba sendo afetado diretamente.

E eles mudam rapidamente. Uma frota de dez navios vira uma frota de três navios da noite para o dia. Eles redirecionam esses outros sete navios para outro local, para o Golfo do México, enfim, e a nossa economia fica refém disso.

GGN – E a cadeia de valor acaba mais afetada do que a própria Petrobras?

Georgio de Tomi – Eu acho que sim. Eu fiquei estarrecido. Eu vou voltar lá daqui a umas duas semanas e estou curioso para saber como vai estar. Se eu vou sentir aquele mal estar que eu senti da última vez em função da paralisação total de atividades que eu vi lá.

GGN – A Petrobras é uma empresa importante para a relação investimento PIB. A gente vai ver essa relação cair mais?

Georgio de Tomi – Já caiu bastante. A gente tem uma dependência direta de minério de ferro e de petróleo. Então, os dois estão em baixa. E, ainda por cima, de um lado você tem Lava-Jato, do outro você tem o desastre de Mariana, é assustador.

Se você fosse investidor, você levaria a sério mesmo o investimento de curto prazo no Brasil? Eu acho que não. Iria para a Nigéria, para Angola, para o Peru. A gente está perdendo atratividade de investimento para o Peru hoje em dia.

GGN – Por que existe esse descasamento do preço do petróleo bruto e da gasolina no Brasil?

Georgio de Tomi – Acho que o efeito da carga tributária em cascata afeta muito mais, tem um peso muito maior, do que o preço inicial daquele bem. Porque o preço da gasolina que a gente tem hoje é com base no custo de produção. O fato de o preço barril de petróleo ter caído tem um efeito relativamente baixo.

Você coloca todo o efeito de tributação em cascata que a gente sofre, é complicado responder imediatamente ao preço do petróleo.

 

por Luiz de Queiroz no blog Luis Nassif ONLINE
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