A vez de Lula

04/02/2016 13:06

Destemido e em exercício total da sua profissão, Adriano Ceolin, jornalista e ex-repórter da revista Veja, processado por Lula, contra-ataca em nova reportagem

Adriano Ceolin, ex-repórter da revista Veja e um dos autores da matéria-capa “A Voz Dele”, de julho de 2015, que motivou a abertura de um processo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva por calúnia, no ano passado, mais uma vez induz ilegalidades nas relações de Lula com seu advogado, Roberto Teixeira. A reportagem “Uma história de amizade que virou moradia”, agora no Estadão, insinua suposta troca de favores entre Teixeira e o ex-presidente para a compra de imóveis, desde 1989.

Apesar de, ao final da reportagem, o jornalista mencionar que possíveis dúvidas levantadas pela Justiça em investigações foram arquivadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF), com o consentimento da Procuradoria-Geral da República, por falta de provas, o tom dado por Adriano Ceolin é de impunidade: “Nem Teixeira nem Lorenzoni sofreram ações”, conclui após o detalhamento das supostas ilegalidades.

“O provérbio ‘amigos, amigos, negócios à parte’ não vale para a família do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Desde o fim dos anos 1980, ele e seus filhos se utilizam de amizades para emprestar ou adquirir imóveis. Quase sempre, nos negócios, surge alguma relação que gera suspeita de órgãos de fiscalização”, introduz Ceolin.

Roberto Teixeira conhece o ex-presidente Lula antes de o sindicalista subir a pleito eleitoral. Teixeira teria emprestado uma casa para ele morar quando disputou, pela primeira vez, a Presidência da República. Longe de qualquer suspeita a nível judiciário, o advogado afirmou que o imóvel, como de sua propriedade, “poderia e posso livremente dispor para a finalidade que desejar”.

a vez de lula

Entre 1996 e 2001, na condição de advogado do ex-presidente, Teixeira orientou Lula na compra de três imóveis em São Bernardo do Campo. Teixeira nega que houve a intermediação como “amigo”, e afirma que trabalhou como advogado nesses casos. “Em todos os casos, há o envolvimento de empresas em situação falimentar para as quais Teixeira prestou serviços advocatícios”, disse o repórter.

Entre os casos mencionados, o jornalista citou Dalmiro Lorenzoni, dono da empreiteira de um dos edifícios que o ex-presidente tem apartamento, e suposto envolvimento do então vice-presidente nacional do PT, Luiz Eduardo Greenhalgh. Com a ampla divulgação midiática, à época, investigações a pedido do Ministério Público foram abertas, mas encerradas anos após sem nenhuma comprovação de ilegalidade.

“Não houve nenhum problema jurídico na aquisição dos imóveis mediante minha assessoria jurídica”, afirmou Teixeira em nota oficial. O processo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva contra o jornalista Adriano Ceolin está em andamento na 4ª Vara Criminal do Distrito Federal. O advogado Roberto Teixeira e Lula não se manifestaram se irão abrir outra queixa-crime a respeito da nova reportagem.

Eis a nota na íntegra:

Nota de repúdio

Repudio publicamente o claro movimento que busca atacar minha honra e imagem e qualificar como espúrias ações que cercam a relação de amizade que mantenho com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, bem como minha atuação profissional na condição de seu advogado. No presente, o ataque se centra em questões formuladas pelo repórter Adriano Ceolin, do jornal “O Estado de São Paulo” – hoje a mim enviadas –, que decidi tornar públicas pelo inaceitável nível de afrontamento:

1. Empréstimo de uma casa ao ex-presidente Lula, entre 1989 e 1998:

O imóvel em questão é de minha propriedade e, nessa condição, poderia e posso livremente dispor para a finalidade que desejar. À época, é preciso registrar que proprietários de imóveis enfrentavam inúmeros problemas com a retomada de unidades locadas – tema ao qual a mídia dedicou amplo espaço –, de forma que o empréstimo foi o caminho juridicamente mais seguro até que houvesse a venda almejada;

2. Intermediação da compra de três imóveis em São Bernardo do Campo para o ex-presidente:

Nunca houve tal intermediação. Desde o início da década de 80, atuo como advogado do ex-presidente e foi nesta condição que o orientei na aquisição dos referidos imóveis;

3. Negócios envolveriam empresas em situação falimentar, como a Dalmiro Lorenzoni e a FGS Engenharia e Construções:

Não houve nenhum problema jurídico na aquisição dos imóveis mediante minha assessoria jurídica;

4. Sócios da FGS Engenharia e Construções alegam ter sido por mim enganados, bem como me acusam de repassar imóveis da referida empresa para meus familiares:

O sócio Cesário Gebram Soubhie retratou-se em 1º/08/2014, após tomar conhecimento dos fundamentos apresentados nos autos da Ação Revocatória – Processo nº 0327173-05.2009.8.26.0100 – 2ª. Vara de Falências e Recuperação Judicial de São Paulo (petição de fls. 1.681/1.688), o que invalida as demais ilações;

Torno igualmente pública a informação que existe queixa-crime promovida pelo ex-presidente contra o referido repórter – processo nº 0026745 23.2015.8.07.0001 – 4ª. Vara Criminal do Distrito Federal, que também subscrevo como um dos advogados.

 

Por Roberto Teixeira no blog Luis Nassif OnLine