11/02/2016 12:57
Ex-ministro de Kirchner recebeu propina em negócio da Petrobras; Existem 57 operações autorizadas na nova fase da Lava Jato e Zelotes, pendentes; Lula diz visivelmente abatido ”…quem comete erros, deve pagar por eles”.
Lava Jato Chega na Argentina
O Ministério Público argentino denunciou nesta quarta-feira, 10, um ex-ministro suspeito de pagar propina para que uma empresa da Petrobras Argentina fosse vendida em 2007 a uma companhia alinhada ao kirchnerismo, em um desdobramento internacional da apuração da Operação Lava Jato.
A acusação contra Julio de Vido, titular da pasta de Planejamento no governo de Cristina Kirchner(2007-2015), partiu de declarações do delator e ex-diretor da multinacional brasileira Nestor Cerveró à Procuradoria-Geral da República. Antes de acertar sua delação premiada, ele relatou ter recebido US$ 300 mil em suborno para que a empresa de transmissão elétrica Transener, pertencente então à Petrobras Argentina, fosse vendida à Electroingeniería, ligada ao governo de Cristina Ela estava a ponto de ser negociada por US$ 54 milhões com um fundo americano, segundo Cerveró.
Segundo o jornal Clarín e o portal Infobae, a medida do promotor argentino Gerardo Pollicita atende à solicitação da deputada Elisa Carrió, que acusou no dia 19 de janeiro o ex-ministro por possível delito de corrupção no esquema investigado pela Lava Jato e pediu uma investigação binacional. A parlamentar, aliada do presidente Mauricio Macri e porta-voz de algumas das principais acusações de corrupção no governo de Cristina, envolveu também um ex-ministro de Carlos Menem (1989-1999), Roberto Dromi.
Pollicita solicitou ao juiz Sebastián Ramos que reúna provas, incluindo o pedido de acesso às declarações de Cerveró e do lobista Fernando Baiano, que se referiu a uma propina no mesmo valor. O promotor pede que a Justiça formalize o indiciamento do ex-ministro, que hoje goza de imunidade parlamentar como deputado federal. Em janeiro, De Vido negou as acusações pelo Twitter. “O que fizemos foi cumprir as leis nacionais e evitar a integração de um monopólio e o abuso de poder pela Petrobras”, escreveu.
Pollicita ficou conhecido no ano passado por levar adiante a denúncia do promotor Alberto Nisman contra ex-presidente Cristina, acusada de proteger iranianos suspeitos de praticar o atentado contra a Associação Mutual Israelita-Argentina (Amia) em 1994, que matou 85. Nisman sustentava ter gravações que provavam um pacto comercial entre Argentina e Irã para evitar a condenação dos suspeitos. Ele foi encontrado com um tiro na cabeça quatro dias depois de fazer a denúncia e na véspera de detalhá-la no Congresso. Sua acusação foi arquivada em maio.
Operações Pendentes Já Autorizadas
Operações policiais no âmbito da Justiça Federal serão retomadas com força, este ano. Fontes ligadas a órgãos investigativos afirmam que 57 operações foram autorizadas em dezembro, antes do recesso de fim de ano. A maior parte das operações pendentes seriam fases de investigações em curso, como Lava Jato, que apura a gatunagem na Petrobras nos governos do PT, e a Zelotes (fraude bilionária no Carf).
As operações ordenadas pela Justiça não foram realizadas porque demandam planejamento e recursos, e não por causa do recesso.
Várias operações da PF são realizadas com policiais deslocados de outros estados, o que as tornam ainda mais complexas e onerosas.
Os cortes orçamentários, decorrentes da crise e de certa má vontade do governo Dilma, tornam ainda mais sérias as dificuldades na PF.
A PF realizou 331 operações nos 253 dias úteis de 2015 (média de 1,3 por dia). Em 2014, início do auge da Lava Jato, foram 390.
Lula Reconhece Mais Não Admite
Aparentemente abatido, o ex-presidente Lula admitiu nesta quarta-feira, 10, que o PT cometeu erros durante sua trajetória. “Certamente, nesses 36 anos, esse partido mudou muito a história do nosso Brasil. É certo que não fizemos tudo que tínhamos que fazer. É certo que cometemos erros e quem comete erros tem que pagar pelos erros que cometeu”, disse o ex-presidente.
A declaração foi feita em vídeo para comemorar os 36 anos que o PT completa hoje.
Este foi o primeiro vídeo divulgado pelo petista após as denúncias sobre sua relação com empreiteiras. Ele é investigado sobre um apartamento tríplex no Guarujá e um sítio de veraneio em Atibaia.
No entanto, Lula afirma que o partido atravessa dificuldades momentâneas e manifesta o desejo de que, no ano que vem, ao comemorar 37 anos, a legenda esteja mais forte do que hoje.
“Se Deus quiser, apesar de toda dificuldade momentânea, (o PT) vai continuar a ser o grande partido da história deste país”, diz Lula. “Vamos torcer para que quando comemorar 37 anos de idade (em 2017) estejamos mais fortes do que hoje”, complementa o ex-presidente.
No vídeo de pouco mais de três minutos, o petista pede ainda para que a população “faça uma reflexão” sobre a importância histórica do PT – ao qual se refere mais de uma vez como o mais importante partido do Brasil – e enumera exemplos inovadores do chamado “modo petista de governar”, como o orçamento participativo.
Segundo Lula, a importância histórica do PT decorre do fato de o partido ter sido o primeiro a “dar voz ao povo” brasileiro, trazendo setores antes excluídos para a vida política nacional. “Nossos adversários conservadores não aceitam”, disse ele.
Da Redação com informações da Coluna Claudio Humberto e Diário do Poder