Análise sobre o caminho da recessão brasileira

03/03/2016 16:30

Ramos, da Goldman Sachs, vê queda no PIB caminhar para o pior período desde a década de 80 e diz que recessão brasileira ganha face de “depressão absoluta”.

A profundidade e extensão da recessão vivida pelo Brasil está adquirindo características de uma “depressão econômica absoluta”, segundo o Goldman Sachs.

A depressão é definida por uma longa recessão de pelo menos oito trimestres que leve a uma queda acumulada do PIB (Produto Interno Bruto) real de 10% ou mais.

“A recessão econômica que começou no segundo trimestre de 2014 completa sete trimestres e não dá sinais de abatimento. No fim de 2015, o PIB real foi 7,2% inferior ao observado no primeiro trimestre de 2014, no mesmo nível do quarto trimestre de 2010”, observa Alberto Ramos, economista do banco norte-americano.

Ramos acredita que o desempenho da atividade econômica no primeiro trimestre de 2016 deve levar o Brasil à “marca d’água” da depressão ao completar uma recessão de dois anos com queda acumulada de 10% no PIB per capita.

Alberto Ramos, economista da Goldman Sachs

Alberto Ramos, economista da Goldman Sachs

O Goldman Sachs prevê recuo de 0,65% nos primeiros três meses deste ano em relação ao último trimestre de 2015. Com isso, a queda do PIB per capita real se aproxima dos dois dígitos, superando facilmente o tombo de 7,6% acumulado durante a “década perdida de 1980″, que engloba o período entre 1981 a 1992.

Depressão

A possibilidade de depressão econômica no Brasil ja havia sido apontada por especialistas do mercado em 2015, com uma observação no efeito danoso do “subprime político” na atividade.

Usada para definir a crise de 2008, a palavra “subprime” foi empregada nos Estados Unidos para descrever os empréstimos imobiliários repassados de um banco para outro com selo de boa qualidade, mas que eram na verdade de baixa qualidade e suscetíveis à calote. Por aqui, o “subprime político” reflete a indefinição política que atrasou além do previsível as reformas fiscais propostas pelo ex-ministro da Fazenda, Joaquim Levy.

 

Por Weruska Goeking para o Correio da Semana