11/03/2016 14:55
Virada de Petrobras e Vale dita indefinição do Ibovespa. Dólar opera volátil. Cenário político e otimismo externo dividem investidores.
Após abrirem em terreno negativo, os papéis da Vale inverteram e determinam a indefinição do Ibovespa nesta sexta-feira (11).
As ações da Petrobras, que também caíam no início da sessão, passaram a operar em alta e contribuem para a volatilidade do índice doméstico.
O otimismo visto nas bolsas internacionais ganha espaço e divide atenções dos agentes locais com ambiente político doméstico.
De acordo com Rafael Omachi, analista da Guide Investimentos, “a recuperação das ações de Vale e Petrobras contribuem para o movimento. Os papéis do Banco do Brasil também servem de combustível para apetite ao risco dos investidores”.
Na cena política, o futuro do governo mexe com o humor dos agentes. O pedido de prisão preventiva do petista feito pelo Ministério Público de São Paulo empolgou os investidores locais no fim da sessão anterior, mas a “percepção dos analistas de que os argumentos do processo são inconsistentes faz com que a notícia perca a relevância para o mercado”.
Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset, também destacou que os agentes de mercado se preocupam com a fragilidade do pedido de prisão de Lula e que as recentes chuvas em São Paulo podem se estender e atrapalhar a realização das manifestações no domingo (13). “Enquanto operar por aspectos não técnicos, continuará volátil”.
Além disso, a possibilidade de Lula assumir um ministério para ter foro privilegiado voltou a ganhar força. De acordo com o jornal Folha de S.Paulo, o ex-presidente teria pedido até segunda-feira (14) para responder ao convite de Dilma para assumir alguma pasta de sua preferência do governo.
As dúvidas sobre os próximos passos do governo e sobre o futuro do petista devem contribuir para volatilidade do Ibovespa.
Os ganhos das bolsas externas e dos preços das commodities nos mercados internacionais são os fatores positivos a serem assimilados pelos investidores no último pregão da semana.
As bolsas asiáticas encerraram em alta graças à redução das perdas no setor bancário. As bolsas europeias e os índices dos Estados Unidos sobem mais de 1%.
No mercado de commodities, o preço do minério de ferro caiu 1,4%, a US$ 57,09/tonelada. Por volta das 14h15, em Londres, o barril de petróleo tipo Brent tinha alta de 0,15%, cotado a US$ 40,11. Em Nova York, o barril tipo WTI, com entrega para março, avançava 1,11%, a US$ 38,26.
A Agência Internacional de Energia afirmou que há sinais de que grandes produtores de petróleo estão reduzindo sua produção porque não podem cobrir seus custos diante de preços tão baixos da commodity.
Por volta das 14h15, o Ibovespa subia 0,05%, a 49.597 pontos. Entre as ações mais líquidas, as da Petrobras (PETR4) ganhavam 1,50%, enquanto as da Vale (VALE5) avançavam 1,77%. Os ativos do Banco do Brasil (BBAS3) registravam alta de 5,30%.
“As ações da Vale se recuperam após cair três dias consecutivos, enquanto as da Petrobras acompanham alta do petróleo no exterior. Os papéis do Banco do Brasil sobem forte diante da expectativa com os protestos contra o governo deste domingo”.
Câmbio
Volátil, o dólar passou a seguir a tendência externa de desvalorização da moeda norte-americana ante às emergentes após alcançar a máxima de R$ 3,6884 também repercutindo o pedido de prisão preventiva de Lula.
De acordo com João Paulo de Gracia Corrêa, superintendente da SLW Corretora, os agentes de mercado avaliam como “frágil” o pedido de prisão e aproveitam as recentes quedas da moeda norte-americana para realizar lucros.
“O dólar está entrando no cenário global, onde a moeda passa por uma desvalorização, principalmente ante às moedas emergentes. Tem também um pouco da correção de ontem”, explica Jason Vieira.
Neste contexto, o dólar à vista tinha queda de 0,55%, cotado a R$ 3,6000. De acordo com Corrêa, o pregão deve ser de volatilidade. A moeda norte-americana já oscilou entre a máxima de R$ 3,6684 e a mínima de R$ 3,600.
Juros
O mercado de juros futuros também mostra volatilidade, alternando entre os patamares negativo e positivo, também repercutindo os últimos acontecimentos da cena política.
Neste contexto, a taxa de juros negociada na BM&F (Bolsa de Mercadorias e Futuros) com vencimento em janeiro de 2017 tinha queda, para 13,77%. O contrato do juro para janeiro de 2018 recuava de 13,78% para 13,70% e a taxa para janeiro de 2019 caía de 14,06% para 13,99%.
Por Marcelo Ribeiro e Weruska Goeking - Especialistas econômicos