Pedido de prisão de Lula agita investidores

11/03/2016 10:08

Após pedido de prisão de Lula, mercado fica agitado no fim de semana. Impeachment pode sair até abril; cresce expectativa com protestos; bolsas externas sobem.

Todos os olhos do mercado doméstico estão voltados para o futuro do governo nesta sexta-feira (11). A expectativa é crescente sobre os acontecimentos previstos para o fim de semana que ganharam combustível após o Ministério Público de São Paulo pedir a prisão preventiva de Lula no caso do triplex do Guarujá.

O Ibovespa encerrou o último pregão em alta de quase 2% repercutindo a notícia e o dólar caiu a R$ 3,65 pela primeira vez desde agosto do ano passado. “Se em menos de uma hora, a notícia já fez esse efeito, sexta a Bolsa deve disparar e o dólar cair forte”, afirma o economista-chefe da Nova Futura, Pedro Paulo Silveira.

A percepção de ministros de Dilma Rousseff de que o governo não chega a 2018, a convenção do PMDB que pode deixar a base aliada e as manifestações previstas para domingo (13) alimentam a manutenção de viés positivo para os mercados novamente.

Segundo a Folha de S.Paulo, já é consenso entre os ministros do núcleo mais próximo de Dilma Rousseff que a presidente não vai até o fim de seu mandato. Em conversas reservadas na quinta-feira (10), o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB), afirmou que o impeachment deve ser votado em cerca de 45 dias.

Logo após a notícia do MP de São Paulo, a presidente Dilma Rousseff convocou reunião de emergência com os ministros Jaques Wagner (Casa Civil), Ricardo Berzoini (Secretaria de Governo), José Eduardo Cardozo (Advocacia-Geral da União) e seu assessor especial Giles Azevedo.

Membros da oposição criticaram o pedido de prisão, alegando falta de provas e receosos de que Lula possa reforçar a imagem de que vem sendo perseguido pela Justiça.

Enquanto isso, o ex-presidente teria pedido até segunda-feira (14) para responder ao convite da presidente Dilma Rousseff para assumir alguma pasta de sua preferência do governo. A informação é do jornal Folha de S.Paulo.

O agravamento da crise política eleva a tensão no PMDB às vésperas da convenção do partido, no sábado (12), cuja ala oposicionista tem crescido nos últimos dias. Segundo reportagem do jornal Valor Econômico, a tendência é que o presidente do partido Michel Temer atenda à pressão crescente da ala oposicionista e convoque nova convenção apenas para tratar da relação com o Planalto.

Os últimos desdobramentos da Lava Jato também devem ajudar a levar mais pessoas às ruas nas manifestações pelo impeachment da presidente convocadas para o próximo domingo. Segundo avaliação da Arko Advice, consultoria especializada em elaborar cenários políticos, “a expectativa para os protestos é que haja um número igual ou superior ao de 15 de março”.

Os mercados internacionais ficam em segundo plano. As bolsas asiáticas encerraram em altagraças à redução das perdas no setor bancário.

O preço do barril do petróleo sobe mais de 2% e animam os índices globais. As bolsas europeias avançam cerca de 2% e os índices futuros dos Estados Unidos sobem em torno de 1%.

A Agência Internacional de Energia afirmou que há sinais de que grandes produtores de petróleo estão reduzindo sua produção porque não podem cobrir seus custos diante de preços tão baixos da commodity.

Os fatos que marcaram a semana na política e na economia

Ministérios – O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu até segunda-feira (14) para responder ao convite da presidente Dilma Rousseff para assumir alguma pasta de sua preferência do governo. A informação é do jornal Folha de S.Paulo.

Cegueira – Já é consenso entre os ministros do núcleo mais próximo de Dilma Rousseff que o governo não chega a 2018, segundo a colunista Mônica Bergamo do jornal Folha de S. Paulo. Dirigentes do PT e auxiliares próximos da presidente avaliam que ela não teria noção exata da gravidade da crise, protegendo-se no que chama de “autismo”.

Pasadena – O TCU (Tribunal de Contas da União) solicitou que a corte coloque a presidente Dilma Rousseff e outros ex-conselheiros da administração da Petrobras entre os responsáveis pelos prejuízos causados pela compra da refinaria de Pasadena, no Texas. A informação é do jornal O Estado de S. Paulo.

Tiroteio – O senador Delcídio do Amaral citou o vice-presidente Michel Temer em sua delação premiada negociada com o Ministério Público Federal. A informação é do jornal Folha de S.Paulo.

Críticas – O pedido do Ministério Público de São Paulo de prisão preventiva do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de mais seis pessoas no caso do apartamento triplex, em Guarujá (SP), foicriticado por deputados do governo e da oposição por falta de elementos jurídicos que justifiquem a decisão.

Repatriação – Com pressa para garantir recursos aos cofres do governo e dos Estados nos próximos meses e ajudar a melhorar o resultado das contas públicas, a Receita Federal vai editar nos próximos dias a regulamentação da lei de repatriação que permitirá a regularização de recursos no exterior de contribuintes que não declararam ao Fisco

Pedido de prisão – Promotores do Ministério Público de São Paulo pediram a prisão preventiva do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no caso do tríplex em Guarujá, em que ele foi denunciado pelos crimes de lavagem de dinheiro e falsidade ideológica. O pedido será avaliado juíza Maria Priscilla Ernandes Veiga Oliveira, da 4ª Vara Criminal de São Paulo.

Diante da notícia, a presidente Dilma Rousseff convocou uma reunião de emergência e convidou Lula para assumir a Casa Civil, o que daria foro privilegiado a ele. O ex-presidente, porém, recusou a cadeira, segundo a colunista Cristiana Lobo, do G1, e Lauro Jardim, do O Globo.

Medo – O Palácio do Planalto teme o resultado da convenção do PMDB no sábado (12), quando o maior partido da base governista pode decidir pela independência das bancadas no Congresso, afirmou uma fonte do governo à Reuters. A fonte avalia que o PMDB é uma peça fundamental no tabuleiro, “a torre protegendo a rainha”.

Tentando abrir a janela – O governo brasileiro emitiu nesta quinta-feira (10) US$ 1,5 bilhão em bônus de 10 anos, na primeira emissão soberana após o país perder o grau de investimento e garantindo um rendimento ao investidor de 6,125%. Agentes do mercado disseram que o país provavelmente está agindo para criar uma nova referência que possa ajudar empresas brasileiras a voltar a emitir no mercado de dívida internacional.

O aumento da percepção de risco devido à perda do grau de investimento se traduziu na elevação do custo para o Brasil na emissão. O spread em relação aos títulos de referência dos EUA foi de 419,60 pontos básicos, quase três vezes acima dos 147 pontos básicos na última captação externa do governo federal, em setembro de 2014.

Procura-se empresários – O ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, tem uma extensa agenda com empresários nesta sexta-feira (11). Ele tem encontros com o presidente do Sindipeças, Paulo Butori, com o presidente da Fenabrave, Alarico Assumpção, almoço com empresários promovido pelo Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI), e reuniões com o presidente da Prumo Logística, José Magela, e com o presidente da Embraer, Jackson Schneider.

O que acontece no mundo corporativo

Varejo – A varejista Lojas Americanas encerrou o quarto trimestre com lucro líquido de R$ 204,2 milhões, queda de 31,1% frente o mesmo período do ano anterior, impactada pelo aumento de sua despesa financeira.

Lucro – A Equatorial Energia teve lucro líquido de R$ 143 milhões no quarto trimestre, queda de 73% na comparação com o mesmo período do ano anterior, informou na noite de quinta-feira.

Novos colegas – A Estácio acertou a compra da Faculdades Unidas Feira de Santana (Unisantana). A operação foi fechada por meio de sua controlada indireta Sociedade Educacional Atual da Amazônia. O valor do negócio é de R$ 9,5 milhões, incluindo R$ 850 mil em assunção de dívidas.

Uma luz – O conselho de administração da Light aprovou a contratação de uma operação de crédito com o Banco Tokyo-Mitsubishi, no total de até R$ 170 milhões, com o objetivo de rolar suas dívidas. A operação tem prazo de um ano.

Tempos difíceis – A Cyrela Commercial Properties (CCP) fechou 2015 com uma queda de 76% no lucro líquido, que ficou em R$ 23,3 milhões. A receita líquida patinou, crescendo apenas 0,6%, para R$ 384 milhões. O alento é que o ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) avançou 27%, para R$ 257 milhões.

Tirando o time – O Banco Indusval pretende pagar R$ 1,27 por ação, corrigido pela Selic, na oferta pública de compra de papeis com o objetivo de fechar seu capital. Segundo a instituição, a operação só irá adiante, se houver a adesão de acionistas que somem, pelo menos, 88% das ações em circulação.

Tocando a vida – A Samarco espera retomar a operação em Minas Gerais no quarto trimestre com quase dois terços da capacidade, devido a limitações para a captação de água e deposição de rejeitos, afirmou à Reuters o diretor-presidente da companhia, Roberto Carvalho.

Novo canal – A Natura vai colocar seus produtos à venda nas farmácias. Até julho, a linha de cuidados com o corpo e cabelo Sou devem começar a ser comercializados em todas as 1.235 lojas da Raia Drogasil. Nesta semana, os itens já chegaram às 722 drogarias do estado de São Paulo.

Comprar ou vender?

Botox – O rali da Bolsa, que já chega a 14,5% em março, puxou as ações da Natura (NATU3) para um nível insustentável de preço, avalia o Deutsche Bank. O banco cortou o preço-alvo dos papéis de R$ 28 para R$ 26, por conta de uma revisão para cima no risco-país, e rebaixou a recomendação de manutenção para venda.

Sem base – A corretora norte-americana Stifel rebaixou a recomendação para as ações da Vale de “compra” para “manutenção”. Para o analista Paul Massoud, o avanço de mais de 60% dos preços de minério de ferro desde 11 de dezembro de 2015 é insustentável.

Viés de baixa – A gestora de recursos SPX a bolsa brasileira e comprada em dólar contra o real e uma cesta de moedas, mostra a carta de fevereiro do gestor do fundo SPX Nimitz Feeder FIC FIM enviada a clientes. Segundo o documento, o fundo acredita que o cenário político incerto enfraquece ainda mais a anêmica economia brasileira.

 

Da Redação com informações de O Financista