14/03/2016 17:25
”Faltando-lhes popularidade, ainda sobreviveriam, mas amplamente rejeitados, vão para o mesmo balaio dos sem-terra, dos sem-casa e dos sem-piscina: tornaram-se os sem-povo”.
Como ficarão Lula, Dilma e o PT, depois dos resultados de domingo? Com a rejeição popular, foram os três atrás da vaca: para o brejo.Como um não vive sem o outro, a derrota foi dos três. Não haverá como um continuar sem os outros dois. Imaginar o ex-presidente virando ministro e salvando o resto do mandato da sucessora? Ou a atual concluindo uma política econômica em condições de tirar o país da falência? Quem sabe supor os companheiros elegendo em outubro a maioria dos prefeitos e vereadores, e dois anos depois escolhendo o novo presidente da República?
Nem pensar. A Dilma não existirá sem o Lula, nem este sem o PT. Sequer o conjunto sem as unidades, se raciocinarmos a médio prazo. A curto, pior ainda, porque trinta dias passam num instante. Se ao fim de um mês o PMDB ainda estiver disposto a desembarcar, só restará ao trio maravilha antecipar o processo e livrar-se logo agora dos sete ministros peemedebistas. Lula, Dilma e o PT ficarão soltos no espaço, sem rumo.
Faltando-lhes popularidade, ainda sobreviveriam, mas amplamente rejeitados, vão para o mesmo balaio dos sem-terra, dos sem-casa e dos sem-piscina: tornaram-se os sem-povo.
Quem assistiu ao menos algumas cenas do interminável desfile da massa em estado de pacífico furor não duvidará da sentença já transitada em julgado: o governo acabou. O líder e sua criação, também. Sem esquecer o partido.
Todo mundo lembra aquelas bonecas russas, onde uma sai de dentro de outra, caracterizando não apenas um povo, mas uma estratégia. Pois seria bom prestar atenção na imagem. No mês que no máximo nos separa da fuga do PMDB do palácio do Planalto acontecerá muita coisa, até diferindo o menor do maior. Com o Supremo Tribunal Federal definindo esta semana as regras do impeachment, torna-se possível que o Congresso, sensibilizado pelos quase cinco milhões de cidadãos que ganharam as ruas, venha a apressar os mecanismos para deputados e senadores livrarem-se de Madame. Também é provável que em abril Michel Temer já se encontre no exercício da presidência da República. Salvo algum inusitado do Tribunal Superior Eleitoral, ganharemos um governo de união nacional, além de uma belíssima primeira dama. As manifestações de domingo ultrapassaram a máxima de que quem foi eleito deve governar até o final de seu mandato. O atual vice-presidente estará imaginando como compor seu ministério e a que partidos dar prioridade na composição. José Serra, por certo, preparando um plano econômico de salvação nacional. Eduardo Cunha e Renan Calheiros examinando suas rotas de fuga. E os manifestantes de domingo mandando lavar suas camisas amarelas e verdes.
Por Carlos Chagas