15/03/2016 18:14
Ibovespa despenca. Ações do BB desaba 20%. Dólar salta 3% e vai a R$ 3,76. Operadores entendem que Lula pode postergar as chances de impeachment de Dilma Rousseff.
O Ibovespa fechou em forte queda nesta terça-feira, pressionada por notícias de que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva assumirá um ministério no governo da presidente Dilma Rousseff, com as ações do Banco do Brasil recuando 20%, na maior queda percentual diária em 20 anos.
De acordo com dados preliminares, o Ibovespa caiu 3,74%, a 47.040 pontos. O desempenho dos últimos três pregões reduziu o ganho no mês para 9,92 por cento, também conforme dados pré-ajuste. Até a última sexta-feira, o índice de referência do mercado acionário local acumulava alta de 16 por cento.
O volume financeiro somava R$ 7,7 bilhões.
Disparada do Dólar
O dólar fechou em alta de 3% nesta terça-feira, saltando mais de 10 centavos para voltar à casa de R$ 3,76, reagindo a notícias de que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva teria aceitado se tornar ministro, o que operadores entendem que poderia postergar ou reduzir as chances de eventual impeachment da presidente Dilma Rousseff.
O dólar avançou 3,03%, a R$ 3,7630 na venda, a maior alta desde 13 de outubro de 2015 (3,58%). A moeda norte-americana atingiu R$ 3,7811 na máxima da sessão.
O dólar acumulou alta de 4,79% só nesta semana, diante do novo cenário político, sendo que havia despencado 10,30% neste mês até o fim da semana passada.
“Se o governo der uma guinada populista agora, o país vai piorar cada vez mais rápido”, disse o gerente de câmbio da corretora BGC Liquidez, Francisco Carvalho, acrescentando que a possível volta de Lula para o governo “reduz a chance de impeachment e prolonga a discussão. É a última cartada”.
Lula substituirá Ricardo Berzoini na Secretaria do Governo, mas com mais poderes, informou à Reuters uma fonte do Palácio do Planalto. O ex-presidente reúne-se, em Brasília, com Dilma para ter uma última conversa e acertar o formato do trabalho que fará no governo.
Lula ficaria encarregado das relações políticas, no momento em que o PMDB, principal partido da base aliada, dá sinais de que pretende se afastar do governo, com alguns membros do partido apoiando o processo de impeachment de Dilma.
A perspectiva de mudança no governo agrada muitos investidores, que acreditam que o movimento pode ajudar a pavimentar o caminho para a recuperação da economia brasileira. Alguns ressaltam, porém, que o quadro de incertezas serve de entrave para o reequilíbrio econômico.
O desagrado no mercado com a perspectiva de Lula voltar ao Planalto perdurou mesmo após o Supremo Tribunal Federal (STF) homologar a delação premiada do senador Delcídio do Amaral (MS). No documento, o ex-líder do governo no Senado acusa o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, de oferecer dinheiro e ajuda a Delcídio para que não fizesse a delação.
“A delação do Delcídio ficou um pouco de escanteio. O foco hoje foi Lula”, disse o operador da corretora Renascença Thiago Castellan Castro.
Analistas da consultoria política Eurasia Group mantiveram a chance de Dilma não concluir seu mandato em 65 por cento, mesmo após as notícias sobre Lula.
Nesta sessão, a alta do dólar frente ao real veio também em linha com os mercados externos, onde predominava a aversão a ativos de maior risco. A queda dos preços do petróleo –reflexo de preocupações com as perspectivas para a oferta– e a decepção com a falta de novos estímulos pelo banco central do Japão mantiveram o ambiente de apreensão.
O Federal Reserve, banco central norte-americano, anuncia sua decisão sobre os juros na quarta-feira. Espera-se que o Fed mantenha as taxas, mas o comunicado será monitorado de perto em busca de pistas sobre sua estratégia para quando voltará a elevar as taxas.
Nesta manhã, o Banco Central realizou mais um leilão de rolagem dos swaps com venda integral dos 9,6 mil contratos que vencem em abril. Até o momento, o BC já rolou US$ 5,067 bilhões, ou cerca de metade do lote total para abril, que equivale a US$ 10,092 bilhões.
Da Redação com informações de Paula Arend Laier e Bruno Federowski da Agência Reuters