Lula ministro não fará diferença

16/03/2016 18:04

Mesmo com Lula ministro, chance de impeachment é real, avalia MCM. Ricardo Ribeiro acredita que nomeação de ex-presidente pode ser classificada como um arranjo arriscado.

Mesmo após o anúncio de que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ingressaria no governo como ministro-chefe da Casa Civil, nem todos os analistas deixaram de apostar suas fichas na possibilidade do processo de impeachment de Dilma Rousseff ir adiante.

Para Ricardo Ribeiro, analista político da MCM, a nomeação do ex-presidente não deve diminuir as chances de impeachment de Dilma.

“O que está guiando meu raciocínio para analisar o ambiente político é a ideia de que quem está dando as cartas é a Lava Jato, que deve chacoalhar a estabilidade do governo e trazer ainda mais desgaste para o PT e para Dilma e Lula”.

O especialista acredita ainda que a nomeação pode ser classificada como um “arranjo arriscado”, já que a “tendência é que o governo fique ainda mais comprometido quando o conteúdo de outras delações premiadas se tornar público”.

Nem mesmo a decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) de manter a decisão sobre o rito do impeachment faz com que Ribeiro acredite que a possibilidade de Dilma sair do comando do Planalto tenha diminuído.

Nesta quarta-feira (16), a maioria dos ministros do STF decidiu manter decisão da Corte que, em dezembro do ano passado, definiu as regras de tramitação do rito do processo de impeachment de Dilma que tramita na Câmara dos Deputados.

Neste contexto, fica mantida decisão que invalidou a eleição da chapa avulsa, por meio de voto secreto, integrada por deputados de oposição ao governo, para formação da comissão especial da Câmara dos Deputados que conduzirá o processo.

Por outro lado, Ribeiro admitiu que as chances do impeachment poderiam diminuir se os rumores de que Alexandre Tombini pode sair da presidência do BC (Banco Central) se confirmassem. A eventual nomeação de Henrique Meirelles para seu lugar seria ainda mais bem recebida pelos investidores.

“Eventual retorno de Meirelles ao BC daria consistência a essa nova configuração do governo Dilma. Meirelles dá uma sinalização boa para o mercado, seria uma garantia de que eles não vão atribuir a esse novo arranjo um populismo desenfreado e que vão manter o compromisso com a política econômica”, avalia Ribeiro.

De acordo com Luciano Rostagno, estrategista-chefe do Banco Mizuho do Brasil, a nomeação de Lula à Casa Civil diminui a probabilidade de impeachment no curto prazo.

“A nomeação mexe nas peças desse xadrez do impeachment e diminui as chances de saída de Dilma porque é notória a capacidade política do ex-presidente”.

Ele destaca que o país estava à deriva e que Lula foi chamado para tentar dar um rumo para a economia brasileira. “Lula é quem vai dar as cartas agora. Com a entrada dele no governo, temos duas fontes de incerteza: se vai haver ou não o impeachment e também em relação ao timing desse impeachment”, diz Rostagno.

As projeções do banco Mizuho para o final de 2016 apontam que se houver impeachment, o dólar estará cotado a R$ 3,56. Caso Dilma permaneça no poder, a divisa norte-americana deve fechar o ano em R$ 4,30.

 

Da Redação com informações de Marcelo Ribeiro - Especialista de mercado