Burguer King salva Eike e Mubadala

21/03/2016 19:47

Mubadala sobrevive a Eike graças a acordo com Burger King. Estimativas de ativos que pertenciam a Eike, incluindo ações na Restaurant Brands, tenham valor de US$ 2,3 bilhões.

A Mubadala Development sobreviveu ao colapso do mais famoso ex-bilionário do Brasil, em parte graças às ações do Burger King.

O fundo soberano de investimento de Abu Dhabi comprou uma participação da Restaurant Brands International de Eike Batista em 2013 por US$ 300 milhões durante a primeira fase de uma reestruturação multibilionária concluída apenas neste mês, disse Oscar Fahlgren, chefe do escritório da Mubadala no Rio de Janeiro.

A participação na Restaurant Brands, empresa com sede em Oakville, Ontário, Canadá, que é a proprietária do Burger King, mais do que dobrou para US$ 715 milhões desde que foi comprada de Eike, disse ele.

A Mubadala investiu na empresa holding de Eike no início de 2012, quando a explosão das commodities impulsionou a demanda por suas startups dos setores de petróleo, mineração e logística, transformando-o no homem mais rico do Brasil.

No fim daquele ano os resultados desastrosos dos primeiros poços de petróleo de Eike provocaram uma forte queda de suas empresas de capital aberto e no início de 2013 a Mubadala começou a negociar uma forma de recuperar seu investimento, disse Fahlgren. Os esforços para entrar em contato com Batista, por meio de seus advogados, para que ele comentasse o assunto, não deram resultado.

Durante os três anos seguintes, a Mubadala usou as condições associadas ao seu investimento em “ações preferenciais” para recuperar ativos de Eike em um momento em que ele lidava com falências, ações judiciais de investidores e investigações da Comissão de Valores Mobiliários.

Sem arrependimento

A Mubadala estima que, no total, os ativos que pertenciam a Eike, incluindo as ações na Restaurant Brands, tenham um valor de US$ 2,3 bilhões, mais do que foi investido em Eike no auge, disse Fahlgren. Os números englobam US$ 300 milhões em dinheiro que a Mubadala recebeu de Batista durante as primeiras fases da reestruturação.

“Estamos confortáveis em relação a onde terminamos e não nos arrependemos de ter realizado nosso investimento”, disse Fahlgren, no quinto andar da Leblon Executive Tower, no Rio de Janeiro, um dos ativos que ele adquiriu de Eike em troca de dívidas. “Se você tivesse perguntado isso em maio ou junho de 2013, teria recebido uma resposta diferente”.

A Mubadala assumiu o controle de uma mina de ouro na Colômbia atualmente avaliada em US$ 400 milhões, dos chamados bonds royalty ligados a um terminal de minério de ferro, que agora é uma joint venture com a Trafigura Beheer, e de outros ativos, incluindo imóveis comerciais no Rio, onde a Mubadala recentemente abriu seu primeiro escritório fora de Abu Dhabi. A última propriedade que o fundo tomou de Eike foi o Hotel Glória, no centro do Rio, que a empresa avalia em US$ 25 milhões.

‘Emprego de capital’

O investimento original da Mubadala foi colocado em ações preferenciais na EBX, a holding de Batista, que tinha condições como restrições à alavancagem e garantias pessoais de Eike. Isso tornou a negociação mais fácil para o fundo do que para os detentores de bonds e ações eliminados durante a queda do império de commodities de Eike, disse Fahlgren.

A Mubadala atualmente está aberta a investir em negócios relacionados ao porto Sudeste e a outros antigos ativos de Eike que a empresa possui no Brasil, apesar da recessão e da turbulência política provocada pela Lava Jato e pelo processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff.

“Essa crise é muito severa, mas não se trata de algo incomum nos mercados emergentes”, disse Fahlgren. “Estamos empregando capital no Brasil em um momento em que a maioria dos estrangeiros não está fazendo isso. Estamos criando empregos e ampliando os ativos e continuaremos fazendo isso”.

Da Redação com informações de Peter Millard, especialista de mercado