04/04/2016 09:00
O mercado monitorando o impeachment em fase decisiva. Petrobras se divide sobre preços de combustíveis. Banco Central faz leilões de swaps reversos.
Entrega de defesa do impeachment da presidente Dilma Rousseff e corrida do governo em busca de votos marcam esta segunda-feira (4). O prazo de 10 sessões para que Dilma apresente sua defesa termina hoje e o advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo, deve entregar o documento focando no uso dos recursos apontados como pedaladas fiscais como tendo sido necessários para suprir programas sociais.
A partir de hoje, o relator do processo, Jovair Arantes (PTB), terá o prazo de até cinco sessões ordinárias da Câmara para elaborar o parecer. Arantes já avisou que pretende entregá-lo entre quarta-feira (6) e quinta-feira (7) por entender que haverá pedido de vista, o que pode atrasar a votação em duas sessões.
De acordo com o jornal Folha de S.Paulo, Arantes tem sido orientado a apresentar um parecer que, além de recomendar a admissibilidade da denúncia pelo crime de responsabilidade, carregue nas tintas políticas. A ideia é citar casos de corrupção da gestão Dilma, mas sem avançar o sinal para evitar que o STF (Supremo Tribunal Federal) conteste o documento.
Do outro lado, o governo já teria mapeado todos os cargos indicados por Arantes e avisado que nenhum deles sobreviverá se o parecer for favorável ao impeachment. Membros da ala governista também teriam passado o fim de semana debruçados em um levantamento de decretos estaduais similares aos que deram origem ao processo de impeachment por meio de pedaladas fiscais.
A ofensiva do governo também atinge o Senado. Segundo o Estado de S. Paulo, a intenção é oferecer cargos aos senadores e construir um bloco de apoio. Dessa maneira o Palácio vai tentar convencer deputados menos conhecidos, do chamado “baixo clero”, de que a presidente tem todas as condições de barrar seu impedimento e assim conseguir mais votos na Câmara dos Deputados.
Levantamento do Estadão publicado no fim de semana mostra que se votação na Câmara dos Deputados fosse hoje, 261 parlamentares votariam a favor da abertura e 117 se posicionariam contra. O governo precisa de 171 votos.
Nove não quiseram se manifestar, 55 disseram estar indecisos ou preferiam esperar a orientação de seus partidos e 71 integrantes de 15 siglas não foram localizados.
Movimentos a favor do impeachment têm pressionado os parlamentares indecisos. No domingo (3), um ato organizado pelo Vem pra Rua, em São Paulo, colocou um telão com o “mapa do impeachment” no prédio da Fiesp com fotos dos deputados que ainda não se pronunciaram sobre o processo ou são contra o impedimento da presidente.
Nos mercados internacionais, as bolsas asiáticas encerraram em leve alta após dados positivos do mercado de trabalho dos Estados Unidos. As bolsas europeias operam em forte alta e os índices futuros norte-americanos também marcam o campo positivo em dia de fraca agenda econômica. Os preços do petróleo recuam.
No mercado doméstico, o Banco Central volta a realizar leilão de swap reverso cambial, equivalente a compra futura de dólares, em operação das 9h30 às 9h40. Serão ofertados até 14.100 contratos e o resultado será divulgado a partir das 9h50.
Por Marcelo Ribeiro, Gustavo Kahil e Weruska Goeking especialista do mercado financeiro.