Impeachment volta a ganhar força e mercado respira

07/04/2016 10:34

Com parecer favorável, impeachment volta a ganhar força e mercado respira. Uma sondagem do Estadão mostra cenário menos favorável ao governo.

Os mercados devem continuar assimilando o parecer favorável anunciado pelo deputado federal Jovair Arantes (PTB) ao processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff e as articulações políticas em torno disso nesta quinta-feira (7). Com isso, o impeachment volta a ganhar força e mercado respira.

Porém, em coletiva convocada às pressas na noite de ontem, o ministro da AGU (Advocacia-Geral da União), José Eduardo Cardozo, considerou nulo e improcedente o relatório de Arantes e não descartou judicializar o processo, com recursos jurídicos contra o relatório.

A estratégia jurídica pode ajudar o governo a ganhar tempo para que a articulação política, encabeçada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em busca de votos para barrar o impeachment na Câmara possa avançar. Cálculos recentes da direção do PT estimam entre 180 e 190 votos, informa o Valor Econômico.

No entanto, um levantamento feito pelo jornal O Estado de S. Paulo, mostra um cenário menos favorável ao governo. O número de parlamentares que votariam a favor do impeachment subiu de 234 para 259 em apenas um dia. Os votos contrários ao impedimento da presidente se mantiveram em 110. O número de indecisos aumentou de 56 para 69, enquanto 75 deputados não responderam. O governo precisa de 171 votos para barrar o impeachment na Câmara.

Conforme o processo avança, o embate entre os peemedebistas fica ainda mais acalorado. A ala governista do PMDB promete entregar 25 votos contra o impeachment, dos 67 votos da sigla, ao Planalto. Por essa razão, o partido prepara a expulsão de todos os deputados que votarem contra o impedimento da presidente ou que faltarem à sessão que definirá o destino de Dilma, segundo o jornal Folha de S.Paulo.

A novela sobre a possível permanência do PP na base aliada do governo continua. Após o presidente do partido indicar que a sigla ficaria no governo até a votação do impeachment, parlamentares favoráveis à saída da base do governo repudiam anúncio feito pelo comando partidário.

De acordo com Raphael Figueiredo, analista da Clear Corretora, “a agenda de indicadores mais esvaziada fará com que os investidores concentrem suas atenções em novos desdobramentos sobre uma eventual saída de Dilma do poder”.

Para ele, ainda que os rumores de esfriamento do impedimento da petista tenham se fortalecido nos últimos dias, “o mercado continua comprado com a ideia de que ela sairá da presidência de alguma maneira”.

Mesmo que as apostas de que o impeachment sairá do papel tenham caído, Figueiredo avaliou que o mercado acredita que Dilma não permanecerá à frente do Planalto por muito tempo, e, por isso, a realização de lucros após a euforia dos investidores com o impeachment foi modesta.

No mercado internacional, as bolsas chinesas recuaram mais de 1% diante da cautela dos investidores à espera de dados econômicos do país e aumento dos riscos de default de títulos corporativos.

As bolsas europeias e os índices futuros norte-americanos caem com os investidores ainda repercutindo a preocupação dos diretores do Fed (Federal Reserve, o banco central norte-americano) com os riscos de efeitos negativos das economias globais sobre os Estados Unidos. O petróleo tem leve queda.

No mercado de câmbio, o dólar recua ante a maior parte das moedas emergentes e ligadas às commodities. A tendência deve ser seguida no mercado doméstico impulsionada pelo leilão de swap cambial reverso – equivalente a compra futura de dólares – de até US$ 1 bilhão pelo Banco Central.

Segundo Jefferson Luiz Rugik, diretor-superintendente da Correparti Corretora, a possibilidade de judicialização do processo do impeachment também deve azedar o humor dos investidores.

“Ambiente negativo no exterior e incerteza quanto ao desfecho do impeachment pesarão negativamente nos mercados”, afirma a LCA Consultores.

Na agenda do dia, destaque para o dado que mede o número de pedidos iniciais de seguro-desemprego (Initial Claims, em inglês), divulgado às 9h30 (horário de Brasília). Além disso, os agentes devem operar à espera do discurso da presidente do Fed, Janet Yellen, às 18h30.

 

Da Redação com informações de Marcelo Ribeiro, Weruska Goeking e Gustavo Kahil, especialistas do mercado