Mercado começa semana otimista com a derrota do Governo

11/04/2016 10:59

Comissão do impeachment vota parecer às 18h e mercado começa semana com otimismo contando com a derrota do Governo. Banco Central oferta swap reverso.

O impeachment chega aos seus lances finais nesta segunda-feira (11) com a votação do parecer favorável ao impedimento de Dilma Rousseff apresentado pelo relator Jovair Arantes (PTB).

Em entrevista nesta manhã para a Rádio Jovem Pan, Arantes afirmou que conta com a aprovação do impeachment em plenária da comissão especial prevista para começar às 10h. Os 25 líderes partidários terão direito a 10 minutos de fala e o ministro da Advocacia-Geral da União, José Eduardo Cardozo, terá direito a 40 minutos para defender a presidente.

Para Arantes, no entanto, a defesa não deve trazer fatos novos e avalia que o discurso do governo de que as chamadas “pedaladas fiscais” foram usadas em mandatos anteriores sem prejuízo ao presidente em exercício não deve convencer os parlamentares. O início da votação propriamente dita está previsto para 18h. Ainda na entrevista à rádio, antes de embarcar para Brasília, o relator do impeachment disse que seu parecer favorável considerou irregularidades nas contas do governo em 2015 e que isso derrubaria a tese de que o governo só se utilizou do instrumento fiscal, agora colocado em xeque até 2014, antes das mudanças nas regras do TCU (Tribunal de Contas da União).

A derrota na comissão especial do impeachment é considerada como certa pelo governo. De acordo com a contagem dos votos, pelo menos 35 dos 65 deputados são favoráveis ao afastamento da presidente, número que seria suficiente para a aprovação do parecer do relator Jovair Arantes.

Entretanto, a expectativa otimista é que isso significaria 58% dos votos na comissão, valor inferior ao necessário para a fase seguinte do processo na Câmara. Isso seria um sinal para governistas de que o processo não avançará, segundo o jornal Valor Econômico.

Mesmo já contando com a derrota, o placar da votação de hoje na comissão especial pode dar pistas e um direcionamento importante para o plenário na Câmara, previsto para domingo (17).

Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, na visão dos governistas, uma derrota muito expressiva hoje aumentaria a fraqueza e o isolamento político de Dilma, o que contaminaria a votação na Câmara.

“Já está precificado que a maioria dos membros da comissão vai ser favorável ao andamento do processo, mas é importante que se saiba se essa votação será apertada ou não. Faz toda a diferença. Afinal, se a votação for acirrada, provavelmente o ânimo do mercado fique um pouco mais contido”, avalia Luiz Roberto Monteiro, operador da Renascença Corretora.

O placar feito diariamente pelo jornal O Estado de S. Paulo desde o início da semana passada revela que o número de deputados favoráveis ao impeachment subiu de 274, na sexta-feira (8), para 291 e os parlamentares contrários somam 115, ante 114 na sexta-feira. São 61 indecisos e 46 que não responderam ao questionamento do jornal.

Nos mercados internacionais, as bolsas chinesas encerraram em alta e as bolsas europeias também sobem. A inflação de 2,3% observada na China anima os investidores no exterior.

Os índices futuros norte-americanos operam em alta à espera dos discursos de presidentes regionais do Fed, William Dudley (Nova York) e Robert Kaplan (Dallas). O preço do barril de petróleo opera em queda.

No mercado de câmbio, o Banco Central volta a interferir nos negócios domésticos com um leilão de swap cambial reverso – equivalente à compra futura de dólares – de até 20 mil contratos. A operação acontecerá entre 9h30 e 9h40 e o resultado será divulgado a partir de 9h50.

 

Por Marcelo Ribeiro, Weruska Goeking e Gustavo Kahil, jornalistas e especialistas do mercado.