O Senado é a bola da vez

20/04/2016 11:18

”Renan Calheiros deverá imprimir o ritmo que foi concretizado por Eduardo Cunha. Ademais, já se sabe que no Senado a Presidente não tem nenhuma vantagem”.

Renan Calheiros deverá imprimir o ritmo que foi concretizado por Eduardo Cunha. Ademais, já se sabe que no Senado a Presidente não tem nenhuma vantagem. Fale-se em 45 senadores pró-impeachment.

Porém, o PT é um partido que experimentou o Poder, sabe de suas vantagens e ainda como auferir o lucro fácil. Não o entregará de bandeja. Como se viu, lutará bravamente por isto, que o diga o AGU Eduardo Cardozo, aliás, que atua mais como advogado particular da Presidente do que mesmo como Advogado da União e a União não é a Presidente da República. Vê-se mesmo que ele extrapola os limites do razoável quando conclama a militância a lutar pela permanência da Presidente no cargo. Um excesso.

Pois bem e quem entra em cena? Os mesmos aguerridos parlamentares petistas. Na Câmara, sabiam em quem destilar o ódio. Além de Cunha, que cumpriu o que dissera, o excesso foi extensivo também ao Michel Temer, que, antes, era o aliado preferido, sobretudo, porque fazia o número que o PT precisava. Os tempos mudaram e o desgaste político tornar-se-á muito caro ao PT, caso o partido efetivamente decida encarar o julgamento. Dilma nunca foi petista, foi o poste eleito pelo Lulla. Os argumentos da defesa são frágeis, os crimes estão tipificados, há materialida e autoria e os autores do pedido são juristas de escol, um deles, Prof. Hélio Bicudo, fundou o PT, abandonando-o, posteriormente. Não obstante, quem estará com a caneta na mão para nomear e mais importante, dispensar e demitir, será o PMDB. Não que sejam santos, jamais, mas, com a força de seus correligionários tudo fluirá com mais facilidade, será menos traumático. Outro fator essencial é que a Suprema Corte, que não mais deverá permanecer acovardada, pois não terá mais o “compromisso” com o PT, espera-se, possa julgar sem a subserviência das últimas decisões. Alguns Ministros chegam a ser patéticos em suas fundamentações.

Enfim, tudo está apenas começando e é certo que algo irá mudar, sim! Não é possível que após esta estagnação que já alcança mais de ano e meio não haja de estancar. Pelo menos, ainda que tenhamos Michel Temer, é possível que se proponha um pacto de governabilidade com a recuperação gradual da economia – o que importa – no fim das contas, e todos os demais fatores de equilíbrio, a ordem pública, social e moral. Resta-os saber se teremos força para aniquilar o réptil raivoso, desvairado, ainda mais na iminência de ver-se acuado, enfim, preso, ele e todos os demais sob o manto protetor do foro privilegiado, bancado e apoiado pelos mais de trinta mil comissionados do aparelhamento sistemático promovido nos últimos treze anos.

É assim, ainda que com traumas, mas com o funcionamento das instituições que a Nação avança. Retrocesso seria imaginar que o fato de sagrar-se vencedor numa disputa eleitoral teria o condão de habilitar o vencedor ao reinado irresponsável, descompromissado; não, a lei é para todos, por isso que temos uma Carta Magna, haurida pelo povo que a admitiu e consagrou, sem excepcionalidades e sem privilégios, mas que muitas vezes necessita de um maior instrumento de pressão para o seu cumprimento, o seu desiderato.

O recado está dado e o povo começa a perceber a força efetiva que tem. Catalisado por uma República ética, a de Curitiba, técnica, moderna, idealista, e apartidária, será mais fácil avançar o tempo perdido com a gestão que se vai e já vai tarde. Tchau, querida!

 

Por André Braga é advogado.