Após papelão de Maranhão, mercado volta a focar no impeachment

10/05/2016 09:10

Após tumulto de ontem, mercado volta a focar no impeachment. Dilma sai perdendo com palhaçada de Maranhão. Influência externa dá saldo positivo.

As coisas voltam aos seus lugares nesta terça-feira (10) e mercado volta a focar no impeachment após o susto levado no último pregão com a decisão do presidente interino da Câmara, Waldir Maranhão, de anular a votação do processo com a presidente.

No fim da noite, o deputado voltou atrás em sua decisão depois de o presidente do Senado Renan Calheiros ignorar a decisão anterior de Maranhão e confirmar a votação da abertura do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff na quarta-feira no plenário da Casa.

No saldo do tumulto causado por Maranhão, pior para Dilma, que viu Calheiros ser empurrado para o time dos defensores do impeachment.

O peemedebista era, até pouco tempo atrás, o último aliado da presidente no PMDB que articulava, cada vez mais às claras, sua queda. Provocá-lo com “brincadeiras com a democracia”, como Renan classificou a decisão de Maranhão de anular o processo do impeachment, pode ter sido um tiro pela culatra.

A tentativa de atrasar o processo irritou o presidente do Senado no momento em que ele tem a caneta que pode pôr para fora a presidente.

Além da certeza da continuidade do rito do impeachment, o mercado doméstico segue influenciado pela formação do provável governo de Michel Temer.

O vice-presidente decidiu seguir a orientação do ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles e vai fundir o Ministério da Previdência ao Ministério da Fazenda em seu eventual governo. A intenção de Temer é fazer com que regras mais duras para aposentadoria sejam colocadas em prática. Esta também seria uma das medidas adotadas pelo vice para conseguir reduzir o número de pastas, segundo o jornal O Estado de S. Paulo.

Após receber críticas, Temer voltou atrás e decidiu manter a ideia de reduzir o número de ministérios, fazendo um enxugamento da máquina pública. Temer acertou novo desenho da esplanada e deve cortar ao menos dez pastas, de 32 para 22. Além de fundir a Previdência com a Fazenda, o Ministério das Comunicações abrigaria a pasta da Ciência e Tecnologia.

A Secretaria de Direitos Humanos seria unida ao Ministério da Justiça, criando o Ministério da Justiça e Cidadania. A pasta da Cultura voltaria e ser incorporada ao Ministério da Educação. As secretarias de Portos e Aviação Civil seriam fundidas ao Ministério dos Transportes, e o do Desenvolvimento Agrário seria juntado com o do Desenvolvimento Social. Banco Central, AGU (Advocacia-Geral da União), Secretaria de Comunicação Social e Chefia de Gabinete da Presidência perderiam o status de ministérios, segundo o jornal Folha de S.Paulo.

Nos mercados internacionais, as bolsas chinesas fecharam em leve alta pressionadas por comentários da mídia local de que o país pode sofrer uma crise financeira e recessão econômica. A inflação chinesa subiu 2,3% em abril, ligeiramente abaixo da expectativa de alta de 2,4% nos preços.

As bolsas europeias operam em alta e são seguidas pelos índices futuros norte-americanos diante da valorização dos preços do petróleo.

Segundo a LCA Consultores, a expectativa de votação do impeachment na quarta-feira e a decisão de Temer de reduzir dez ministérios impactarão favoravelmente os mercados domésticos.

“Os mercados também aguardam uma postura mais ativa de Temer, já que ele sinalizou que iria propor medidas emergenciais assim que assumisse o comando do Planalto”, observa Rafael Omachi, analista da Guide Investimentos.

 

Da Redação com informações de Weruska Goeking, Gustavo Kahil e Marcelo Ribeiro, jornalistas especialistas no mercado