Nuit Debout – Um movimento de rua que pode revolucionar a política francesa

10/05/2016 09:51

O Brasil não está sozinho no cenário mundial como uma política fragilizada. Saiba sobre o Nuit Debout,  um movimento de rua que quer revolucionar a política na frança.

Se você acredita que só o Brasil com a política fragilizada, saiba que não é. Inúmeros países enfrentam crises surreais e tão absurdas quanto por aqui. Claro que cada uma com suas próprias características, mas nem por isso menos significativas.

A França, mais especificamente a capital Paris, vem sendo palco de um movimento de rua desde o dia 31 de março e que reúne milhares de francês que se mobilizam no centro da cidade, precisamente na Praça da República. Trata-se do Nuit Debout – algo como vigília noturna – e os participantes vêm com uma pretensão ousada: revolucionar a política na França.

Nuit Debout e a revolução política francesa

Os acampados fazem constante pressão ao governo, políticos e partidos, defendendo ideias de esquerda, mas sem deixar de criticar toda tentativa de aproximação das estruturas formais de poder.

O movimento nasceu com o desejo de repensar a ação política e de traçar linhas para um novo projeto político de esquerda. A máxima necessidade é a de reinventar a democracia representativa, com a consciência de que a falta de representatividade das classes mais desfavorecidas é um problema.

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Nuit Debout é composto por jovens com média de 30 anos de idade, brancos, de classe média e que moram nas cidades, um pouco longe das periferias. Apesar do grau de formação, eles não estão isentos de enfrentar a precariedade que se torna cada vez mais comum na França.

O grupo vem contando com o apoio de outros jovens que também estão cansados do rumo que a política local tomou, isso sem falar dos discursos viciados promovidos pelos políticos e seus partidos. E olha que nem precisamos ir para a França para entender o que está acontecendo, o Brasil é um exemplo“sensacional” disso.

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Pressão

Apesar da grande quantidade de adeptos e da importância do movimento, comerciantes locais e moradores pressionam as autoridades para dispersar a ocupação, alegando queda de movimento, sujeira, destruição de objetos e constantes confrontos com a polícia, envolvendo violência física.

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Michel Cadot, responsável pela polícia em Paris, comentou o caso ao Le Monde:

”Talvez não seja indispensável estar na Praça da República todas as noites. Esse movimento poderia encontrar outras formas de contestação”.

Os jovens que participam do movimento também utilizam as redes sociais como meio de se organizarem e ocupar o local público. Eles têm recebido apoio de outros estudantes, e até mesmo de 350 músicos que, no dia 20 de abril, realizaram um concerto de rua. Mais de 16 mil pessoas acompanharam a apresentação pela internet e também in loco.

 

Para ver como não é preciso ir longe para encontrar situações frágeis na política e como os objetivos são quase os mesmos, eis um trecho do site do Nuit Debout.

”Nem representados, nem representantes, as pessoas de todos os status devem retomar a propriedade sobre a reflexão a respeito do futuro do mundo. A política não é um assunto de profissionais, é assunto de todos. O humano deveria estar no centro das preocupações de nossos dirigentes. Os interesses particulares passaram por cima do interesse geral”.

Da Redação