17/06/2016 13:20
”…cancelar eleições será loucura, como prender todo mundo, também. Da mesma forma, proibir gastos públicos e privados, que ninguém controla.”
Conforme o delator Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro, hoje em prisão domiciliar em sua residência de Fortaleza, dezesseis empreiteiras desviaram 109,49 milhões de reais para 23 políticos de oito partidos. Só o PMDB recebeu 109 milhões, sendo que para o senador Renan Calheiros foram 32 milhões, em espécie ou como doações eleitorais. Surpreende, também, o total de 1,5 milhão repassado para o então vice-presidente da República, Michel Temer, quantia desviada a título de ajuda ao candidato derrotado à vice-prefeitura de São Paulo, Gabriel Chalita. A lista apenas envolvendo a Transpetro e sua quadrilha cita José Sarney, Romero Jucá, Aécio Neves, Edison Lobão, Candido Vacarezza, Jader Barbalho, Jorge Bittar, Luis Sérgio, Vardir Raupp, Edison Santos, Henrique Eduardo Alves, Garibaldi Alves, Ideli Salvatti, Walter Alves, Heráclito Fortes, Felipe Maia, Jandira Feghali, Agripino Maia, Francisco Dornelles e muitos outros.
Pode ser que alguns tenham servido apenas para repassar milhões a candidatos dos respectivos partidos, mas fica difícil encontrar quem não se tenha beneficiado pessoalmente. Políticamente, claro que todos.
O delator também relacionou os nomes das empresas pagadoras e dos partidos beneficiados. Vale apenas referir que o total dos repasses surripiados de uma única estatal decorreu do superfaturamento de contratos celebrados entre a Transpetro e as empreiteiras. Multiplique-se a operação pelas centenas de outras empreiteiras e partidos e se terá a soma de quanto perderam os cofres públicos através de uma só fonte pagadora. Imagine-se as outras. Bem como quantos políticos, empresários e funcionários públicos tiveram seus rendimentos, contas bancárias e sucedâneos aumentados. Sem falar nos desvios verificados através de estabelecimentos situados no estrangeiro.
Jamais se roubou tanto, apesar do artifício de que tudo se destinou a auxiliar uns tantos candidatos em períodos eleitorais.
Fazer o quê? Quem quiser que responda, pois cancelar eleições será loucura, como prender todo mundo, também. Da mesma forma, proibir gastos públicos e privados, que ninguém controla. Impedir as reeleições apenas estenderia a corrupção para novas gerações. Em suma, melhor ignorar as eleições. Só que não adianta…
Por Carlos Chagas