Opinião – Cadê as ferrovias?

27/06/2016 01:29

”São cinco longos falatórios sobre ferrovias em MT: Fico, Transoceânica, Ferogão, Ferronorte e a do Araguaia. Atualmente um silêncio sepulcral sobre todas elas”

Tem alguns assuntos que dominam as conversas no Estado e na mídia e depois, sem mais nem menos, desaparecem do cenário. São muitos os casos. Fico agora com as ferrovias.

Desde que a ferrovia Noroeste chegou a Campo Grande em 1914 e não a Cuiabá, falar em ferrovia no Estado atiça as pessoas. E aumentou com o agronegócio.

Nos últimos anos, tivemos cinco longos falatórios sobre ferrovias no Estado. Lembra da Fico ou Ferrovia de Integração do Centro-Oeste?

Em meados de 2010, em Lucas, houve um enorme encontro de prefeitos do Médio-Norte para cima, com gentes do DNIT, Governo do Estado e produtores.

Dizia-se que a ferrovia viria num estalar de dedos. Seria construída com rapidez porque as licitações eram por trechos. Cadê a ferrovia?

Mais ou menos um ano atrás, surgiu outra, a Transoceânica, a ferrovia dos chineses. Iria do Atlântico no Brasil a Ilo, Peru, no Pacifico. Cortaria MT lá pelo Nortão, passaria também por Rondônia e Acre.

Houve encontros com presença de autoridades chinesas e do Estado. Criou-se a Frente Parlamentar Pró-Transoceânica, com parlamentares federais do Acre, Rondônia e MT.

Foi dito que o estudo de viabilidade técnica, econômica e ambiental estaria pronto no meio deste ano. Cadê o relatório da ferrovia?

Daqui a pouco apareceu mais uma ferrovia, Ferrogrão, que iria de Sinop a Miritituba no Pará.

É bancada pelas tradings de grãos Bunge, Cargill, Dreyfus, ADM e Ammagi. Cadê a ferrovia? Será que essa matou a outra? Era essa a intenção?

Mais um caso? A Ferronorte chegaria a Rondonópolis e viria até Cuiabá.

O único problema a ser definido nas conversas da época era saber por onde ela viria, se pelas serra de São Vicente, por Campo Verde ou sei lá onde mais. Chegando aqui, ela iria para Sinop e para os portos do Pará também.

Tem hora que a coisa vira chacota. No governo passado, ‘descobriram’ grande quantidade de minérios em um município da região de Cáceres. Em cima dessa invenção, gentes do governo já falavam em um ramal da Ferronorte para transportar o tal minério.

Falar naquele momento que não seria necessário o ramal da Ferronorte para Cuiabá era crime de traição ao estado.

Dizem os entendidos que uma ferrovia em Rondonópolis e outra em Lucas (a Fico) o estado todo estaria coberto com esse transporte.

Uma ferrovia cobre um raio de 400 km ao seu redor. As duas praticamente cobririam o estado. Esta coluna enveredou por esse argumento e recebeu muitas criticas.

Mais uma ferrovia? Aquela do Araguaia, uma invenção do Riva. Ele sabe que falar em ferrovia no Estado dá votos, criou uma também.

Mas, enfim, cadê pelo menos o relatório sobre a viabilidade ou não da Transoceânica? Por que a os parlamentares da frente Pró-ferrovia não vão buscar essa informação na Embaixada da China?

 

alfredo da mota menezesPor Alfredo da Mota Menezes é historiador e analista político em Cuiabá. www.alfredoemenezes.com
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