05/07/2016 08:49
”Fica claro, que o papel da equipe econômica é propor as medidas certas, explicá-las ao público e submete-las à maioria dos congressistas.”
O jornalista José Neumanne registrou em seu blog, declaração recente do Ministro da Economia Henrique Meirelles, que em poucas palavras resume a única saída existente para o Brasil superar a grave crise econômica, social e política que enfrenta.
Disse o Ministro com todas as letras:
“Os planos da equipe econômica, reconhecida pelo mundo como a adequada para cuidar do Brasil atual (basta ver o desempenho espetacular de nossa moeda, a real, a que mais se valorizou entre países emergentes depois da saída do Reino Unido da Comunidade Econômica Europeia), depende da vontade da maioria dos parlamentares”.
Fica claro, que o papel da equipe econômica é propor as medidas certas, explicá-las ao público e submete-las à maioria dos congressistas.
Esse é o verdadeiro “ovo de Colombo” da atualidade brasileira.
Sem o Congresso mudar a sua postura e passar a debater e decidir com a rapidez possível, a tendência fatal será o agravamento da crise.
Nesse particular, a estratégia do presidente Michel Temer tem demonstrado coerência, em que pesem as acusações, de que certos recuos em decisões tomadas revelam vacilações.
Profundo conhecedor da realidade congressual, o presidente optou pelo diálogo com os parlamentares, como meio de abrir caminhos de “consensos” em matérias urgentes e polêmicas.
Note-se que a maior acusação contra a ex-presidente Dilma era de que não tinha esse comportamento de aproximação com a base política.
Tal afirmação não se pode dizer, em relação a Temer.
Cabe agora o Congresso sair do imobilismo e aprovar claramente uma “agenda legislativa de urgência”, na qual estejam incluídas todas as matérias consideradas indispensáveis de apreciação pela atual equipe econômica.
O ex-ministro Joaquim Levy não fracassou.
Faltou-se apoio do Congresso e do próprio governo, ao qual servia.
Atualmente, mesmo com apoio explícito do Palácio do Planalto, o ministro Meirelles correrá o mesmo risco, se o Congresso retardar, ou continuar omisso, como tem sido até hoje, em questões relevantes para o futuro nacional.
Mesmo diante das nódoas e máculas que notoriamente atingem as principais lideranças do Congresso, o país espera que a maioria silenciosa dos congressistas, que detém mandatos, se arregimente e force, o quanto antes, a colocação na ordem do dia de matérias que não suportam mais adiamentos.
Se isso não for feito, com rapidez e senso de responsabilidade, de nada adiantará a competência reconhecida por todos, daqueles integrantes da equipe econômica atual.
Meirelles e seus auxiliares não aspiram à canonização, por milagres alcançados.
Aguardam, apenas, que lhes sejam dados os instrumentos para trabalhar e recuperar a economia nacional.
Só o Congresso (e mais ninguém) poderá evitar o caos iminente.
Por Ney Lopes – jornalista, advogado, ex-deputado federal; ex-presidente do Parlamento Latino-Americano, jornalista – [email protected] – www.blogdoneylopes.com.br