01/08/2016 11:47
”Não é fácil. Mas o Brasil tem pressa. Ou agimos, ou perderemos o bonde da história. Ou nossa esperança sequestrada não será tão cedo resgatada novamente.”
Nossa esperança foi sequestrada. É preciso resgatá-la. A credibilidade dragada pela corrupção generalizada, a confiança minada pelo desemprego e pela recessão e a instabilidade instalada pelo doloroso e longo processo de impeachment e pela névoa que envolve importantes lideranças do Congresso desafiam as instituições e o sistema político brasileiro.
O Brasil precisa urgentemente mudar o rumo. Essa não é a primeira nem será a última crise brasileira profunda. Mas estamos perdendo o fio da meada, a rota do crescimento, a eficiência das políticas públicas e a fé no futuro.
Tenho 34 anos de vida pública. E, apesar de todas as mazelas e escândalos, tenho para mim, sem nenhum medo de errar, que o Brasil é hoje melhor do que era quando, em 1982, me elegi vereador na terra de Itamar Franco. Naquela época, faltava liberdade e sobravam desigualdades, havia instabilidade nos preços e no front externo. Hoje, mal ou bem, temos o maior grau de liberdade de toda a nossa história, diminuímos nas últimas décadas as diferenças regionais e pessoais de renda e estabilizamos a economia. Essas conquistas estão ameaçadas, é verdade. O populismo, o voluntarismo, a irresponsabilidade fiscal e a apropriação partidária do aparelho de Estado resolveram brincar com fogo e nos levar para um arriscado passeio à beira do abismo.
Este segundo semestre de 2016 será decisivo para a configuração de nosso futuro como nação e sociedade.
Começaremos por um brutal desafio: as Olimpíadas. O mundo inteiro estará com os olhos no Rio de Janeiro. Temos que superar as falhas de infraestrutura, reafirmar o ambiente sedutor de nossa Cidade Maravilhosa e sermos eficientes no combate à criminalidade e ao terrorismo.
Logo após teremos eleições municipais. Oxalá façamos dessa oportunidade um momento de reafirmação dos valores republicanos e de arejamento do ambiente político, recuperando o papel das lideranças políticas como referências inspiradoras para todos e espelhos para as novas gerações, como foram para mim Tancredo, Ulysses, Covas, FHC, Teotônio e Montoro.
Teremos, ainda, a conclusão do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, colocando um fim num ciclo de improbidades, crimes fiscais, abusos de poder. Isso, combinado com a emblemática cassação de Eduardo Cunha, deverá trazer mais estabilidade política e destravar a pauta de ações e decisões do governo e do Congresso.
É fundamental avançarmos em reformas essenciais, como a definição de um novo regime fiscal que aponte para a superação de nosso déficit astronômico, a modernização das regras que regem as relações de trabalho, a solução estrutural para nosso sistema previdenciário, a simplificação e melhoria de nosso sistema tributário e o redesenho de nosso pacto federativo.
Agenda cheia para um semestre. Não é fácil. Mas o Brasil tem pressa. Ou agimos, ou perderemos o bonde da história. Ou nossa esperança sequestrada não será resgatada.
Por Marcos Pestana