10/11/2016 13:34
”Enquanto isso, Dilma Rousseff repetiu o mesmo comportamento, no estelionato praticado depois de eleita, ao executar tudo que havia condenado na campanha.”
A eleição de Donald Trump surpreendeu o mundo e provoca várias análises e interpretações.
Sem prejuízo do respeito devido a pensamentos divergentes, a vitória do magnata em nada se vincula ao chamado “novo” na política, ou, significará oportunidade aberta a empresários que desejem ingressar na vida pública, em defesa do livre mercado e combate aos políticos.
Trump não tem nenhuma dessas características.
Ele já nasceu velho para a política, por encarnar o mais acentuado populismo, típico de caudilhos, ao se colocar como nacionalista, anti-imigrantista, anti-elites e antiglobalização.
Bilionário desde o nascimento e candidato de si mesmo na largada eleitoral, resolveu “comprar” o “brinquedinho” de residir na Casa Branca, num país que endeusa o dinheiro.
Falsamente, apresentou-se como bom gestor, candidato “antiestablishment”, sem mácula de corrupção na política.
Omitiu ser produto do “establishment” que condena, que aliás lhe salvou de quatro falências, uma dezena de acusações de estupro (assédios sexuais gravados), permite que em plena campanha não mostre o seu Imposto de Renda e confesse que há mais de 20 anos não paga impostos federais.
Grandes empresários americanos negaram-lhe apoio, por não merecer confiança, ao esquecer que o americano compra produtos chineses no Walmart, por serem mais baratos e as grandes corporações investiram milhões de dólares na China, no México e nos países com incentivos de tratados de livre comércio.
Usou a estratégia de destruir o seu próprio partido e o linguajar chulo de dizer (e repetir), o que o povo (sobretudo a classe média branca, 62% da população) queria ouvir.
Trump deixou de lado a racionalidade e a sua retórica elegeu vários “culpados” pelos salários baixos e o desemprego nos Estados Unidos, não importando as heresias econômicas que as suas palavras traduziam.
Declarou guerra aos muçulmanos, imigrantes, hispânicos, negros, mexicanos (Nafta), chineses, OMC. GATT, FMI, Banco Mundial, Tratado da Parceria Transpacífica (TPP)” e ameaça até a ONU de suspender o pagamento da parcela devida pelos Estados Unidos, no custeio de programas contra as mudanças climáticas.
No palanque zombou de pessoas com deficiência, passou anos criticando mulheres gordas, chamou imigrantes mexicanos de estupradores, falou de proibir a entrada de muçulmanos no país e acredita em terapias para “curar” homossexuais.
Chegou à posição extrema de condenar as energias renováveis e anuncia que irá revitalizar a exploração de carvão, alegando que a legislação ambiental levou as empresas americanas do setor energético à bancarrota.
Com esse perfil, o novo presidente dos Estados Unidos terá a possibilidade de indicar juízes para a Suprema Corte alinhados com seu pensamento, além de dispor de maioria na Câmara e no Senado.
Na campanha, não apresentou programa consistente, daí a inquietude mundial pós sua eleição.
Em relação ao populista Donald Trump tudo será possível, até fazer um governo contrário ao que pregou.
Os populistas sempre agem assim.
Basta recordar o ex-presidente Lula que execrou FHC e montou o seu governo com base na herança positiva que recebeu.
Dilma Rousseff repetiu o mesmo comportamento, no estelionato praticado depois de eleita, ao executar tudo que havia condenado na campanha.
Encerrada a eleição americana, só resta repetir “Deus salve a América”!
Por Ney Lopes é jornalista, ex-deputado federal; ex-presidente do Parlamento Latino-Americano; procurador federal; professor titular de Direito Constitucional da UFRN – [email protected] www.blogdoneylopes.com.br