11/05/2017 11:46
”As dúvidas que ficam: as constatações que pairam hoje sobre Temer e Lula podem ser revertidas revertidas? Quem tem chances de chegar em melhor posição em 2018?”
Não me lembro de termos passado por uma crise política, ética e econômica como a que enfrentamos no momento. Em 1980, o então ministro João Camilo Penna, da Indústria e Comércio, ao ser perguntado por mim, em seu gabinete, o que seria do Brasil com a crise internacional do petróleo e a crise interna da dívida, pausadamente respondeu: “Sou um pouco mais velho que você e já vivi várias crises e darei uma explicação ‘simplória’, como os paulistas acham que sou. Volta e meia o Brasil entra em crise, e a da vez é sempre maior que a anterior. E anote: toda crise é fabricada para ser solucionada. Alguém está ganhando muito, e alguém está perdendo”.
Se observamos, é uma realidade o que ele me falou lá nos anos 80. No entanto, hoje ninguém quer resolver nada, enquanto não chegarmos a um extremo. Vamos à crise política: será que este Congresso que aí está quer mudar a regra do jogo, aprovando uma reforma política? Não, não iriam legislar contra eles próprios. Por exemplo: por que não querem acabar com tantos partidos? Já são mais de 30, mais outras dezenas querendo registro. Por que não fixar um máximo de quatro partidos, ou um pouco mais, talvez? Hoje, ser dono de um partido tornou-se um bom negócio. São milhões que entram para seus cofres, com um pífio controle dos gastos. Isso sem falar nas negociatas de cargos e horários eleitorais.
Outro ponto: será que nosso Parlamento necessita de mais de 500 deputados federais e centenas de estaduais? Enfim, seriam muitas as mudanças; e, certamente, não seriam aprovadas. Ainda mais com as eleições chegando. Por falar nelas, a última pesquisa DataFolha mostra Lula liderando, apesar de todas as denúncias contra ele e seu partido. A pesquisa também reafirma João Doria como opção dentro do PSDB, superando velhos caciques, inclusive seu padrinho, Geraldo Alckmin.
Doria frequenta o noticiário político há pouco mais de seis meses e já começa a ganhar projeção nacional por seus atos, típicos de um gestor. Isso pode ser um sinal de que o eleitor de todo o país cansou dos velhos políticos e de suas práticas. Tanto que Doria já começou a apanhar de Ciro Gomes, um velho coronel, que quer apresentar-se como novidade.
Os números da pesquisa mostram um eleitor confuso. Lula lidera a pesquisa e até amplia sua margem, enquanto, paralelamente, aumenta a percepção do eleitor quanto à corrupção em seu governo. Hoje, 32% da população considera o período Lula como o mais corrupto. Sua reprovação é a maior, 45%, mas mesmo assim ele lidera, o que pode ser explicado pelo crescimento econômico e a situação de quase pleno emprego em seu segundo mandato.
Em sentido contrário, Temer tem uma rejeição em níveis estratosféricos e uma baixíssima aprovação, mas uma também baixa percepção quanto à corrupção em seu governo. Talvez seus números retratem o momento da economia brasileira, com milhões de desempregados e o momento político de bombardeio às reformas. As dúvidas que ficam: a visão que se tem hoje de Temer e Lula será revertida? Quem tem chances de chegar em melhor posição em 2018?