Pecuária – 2021 pode ser o último ano de vacinação contra Aftosa

22/06/2018 14:38

Encontro entre as autoridades foi importante para o alinhamento das ações da retirada da vacinação contra febre aftosa definitiva, com a participação de todos os agentes

A 1ª Reunião do Bloco V, realizada de 19 a 21 de junho, no Palácio Paiaguás, em Cuiabá-MT, reuniu de representantes do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), dos serviços veterinários estaduais, classe política, setor produtivo e industrial, sindicatos e conselhos de classe de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, em que a última vacinação está prevista para maio de 2021. O encontro foi importante para o alinhamento das ações para a retirada da vacinação contra febre aftosa, com a participação de todos os agentes.

Foram realizados debates acerca do Plano Estratégico 2017-2026 do Programa Nacional de Erradicação e Prevenção da Febre Aftosa (PNEFA), que contém 102 ações a serem executadas no período de 10 anos, envolvendo a participação dos setores privado e público, o aperfeiçoamento das capacidades do Serviço Veterinário Oficial (SVO), regionalização das ações, sustentação financeira, adequação e fortalecimento do sistema de vigilância, agilidade e precisão no diagnóstico, cooperação internacional e educação em saúde animal.

Na avaliação da presidente do Instituto de Defesa Agropecuária do Estado de Mato Grosso (Indea-MT), Daniella Bueno, o encontro proporcionou aos estados integrantes do Bloco V, conhecer o trabalho que cada um tem desenvolvido. “A defesa agropecuária é única no país, mas existem particularidades em cada estado, principalmente nos estados do nosso bloco, em que todos têm fronteiras internacionais, e conseguimos identificar quão diferente é a fiscalização nessas fronteiras”. Em outubro, todos os estados deverão participar de um encontro nacional, que será para tratar apenas sobre a vigilância agropecuária nas áreas de fronteira.

Quanto aos investimentos, a presidente do Indea destacou o envolvimento do Governo do Estado no descontingenciamento do orçamento da autarquia, e a parceria do setor privado, por meio do Fundo Emergencial de Saúde Animal do Estado de Mato Grosso (Fesa) e do Fundo Mato-grossense de Apoio à Cultura da Semente (Fase). “Temos muito a investir, e a iniciativa privada tem sido parceira do Indea. Contamos com os fundos para a execução das nossas atividades. Mato Grosso não está vulnerável, e vamos fortalecer cada vez mais a nossa vigilância”.

Para o diretor do Departamento de Saúde Animal (DAS/Mapa), Guilherme Marques, foi muito proveitoso e permitiu o esclarecimento de muitas dúvidas. “O encontro proporcionou o envolvimento das autoridades estaduais, do setor privado, e principalmente a harmonização da estratégia para os próximos passos, e fecharmos o cronograma d as ações a serem realizadas por cada um dos atores”.

Acompanhado da gestora do Indea e do superintendente Federal da Agricultura em Mato Grosso, Marques teve a oportunidade de apresentar o PNEFA e o resultado da auditoria realizada no Indea, em março deste ano, ao governador Pedro Taques e a deputados estaduais. “Foram reuniões muito produtivas, onde o governador e os parlamentares demonstraram compromisso e a disposição de seguir com o objetivo firme de avançar o estado de Mato Grosso para o reconhecimento internacional de livre de aftosa sem vacinação em 2023”.

Segundo Marques, com o fechamento do primeiro ciclo de reuniões dos blocos, é possível ver claramente o alinhamento e compromisso de todos os envolvidos na execução do Plano Estratégico. “Fica evidente que é possível sim, avançarmos na mudança de status sanitário. Contamos com a participação do Panaftosa (Centro Pan-Americano de Febre Aftosa), uma organização internacional de referência no assunto perante a OIE (Organização Mundial de Saúde Animal), que tem dito que o Brasil tem condições de avançar, mas é obvio que temos deveres ainda a ser feito e é nisso que estamos nos debruçando para concluir”.

Zona livre

Mato Grosso faz divisa com estados que pertencem aos Blocos I, II e IV, e tem a possibilidade de ter zonas livres de febre aftosa sem vacinação, antes de 2021. Na próxima semana, será realizada mais uma reunião do Bloco I, onde teremos a definição se Mato Grosso entrará como zona no Bloco I.

“Por meio de estudos, identificamos uma dependência dos municípios de Rondolândia, parte de Colniza, algumas propriedades de Comodoro, Juína e de Aripuanã, tem dependência comercial com Rondônia. Apresentamos a proposta nesta reunião, e a partir de 2019, Mato Grosso pode retirar a vacinação nesse território”.

Um estudo semelhante será realizado em conjunto com o Pará, integrante do Bloco II, que tem previsão para a retirada da vacinação em maio de 2020. Só na região de fronteira com o Pará, são cerca de 10 municípios mato-grossenses, alguns com barreiras naturais que impedem o trânsito de animais, porém, a maioria com barreira seca e permeabilidade de trânsito. Após a conclusão dos trabalhos na região, o estudo será apresentado ao Mapa para avaliação.

Plano

O Plano Estratégico está alinhado com o Código Sanitário para os Animais Terrestres, da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), e as diretrizes do Programa Hemisférico de Erradicação da Febre Aftosa (Phefa), em prol também da erradicação da doença na América do Sul.

Os estados brasileiros foram divididos em cinco blocos pecuários para que seja feita a transição de área livre da aftosa com vacinação para sem vacinação. O plano prevê a retirada total da vacinação no país até 2023.

Integram o Bloco I, Acre e Rondônia; o Bloco II: Amazonas, Amapá, Pará e Roraima; o Bloco III: Alagoas, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí e Rio Grande do Norte; Bloco IV: Bahia, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Sergipe e Tocantins, e; Bloco V: Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

 

 

Da Redação com informações de Dayanne Santana – Indea-MT