Opinião – Desliguem e votem

30/07/2018 11:11

”Avaliem a satisfação que teremos ao ver a nata dos comunicadores comprada pela grande imprensa, acompanhada de seus abastados patrões e dos abomináveis políticos(…)”

Com grande desalento li um dia desses os comentários de um articulista da grande imprensa, considerando genial a esperta iniciativa do candidato tucano à Presidência da República, que fechou um acordo com o tal do “Centrão” – alcunha de um conjunto de sociedades de políticos fisiológicos e mal intencionados. Disse que Geraldo Alkmin deste modo se tornaria imbatível porque teria ao seu dispor ou ao dispor dos seus comparsas implicados na Lava Jato, o maior tempo de exposição na televisão, nas eleições de outubro próximo.

Outro velho “comunistóide”, cuja carreira os militares muito turbinaram, insinuou no mesmo jornalão que, com aquela “manobra de estadista”, o candidato estará no segundo turno das eleições vindouras com o indicado de Lula ladrão. É o sonho de toda esquerda doente.

O que disseram não chega a surpreender porque a mesmice avança e se digladia em busca do tal tempo da propaganda política nos meios de comunicação, com destaque para televisão e para o rádio. Nenhum dos seus adeptos chega a confessar aquilo que realmente todos guardam em suas entranhas, ou seja: aquele que tiver maior tempo de televisão será o candidato deles e o próximo Presidente da República.

Este raciocínio rastaquera é insultuoso e infame na medida em que pretende fazer dos homens de bem deste País uns idiotas e, mais do que isto, tem o condão de colocar a grande massa popular no mesmo nível de falta de discernimento, de princípios e de valores da classe política abjeta e desprezível. Mesmo sendo um país que padece de sérias mazelas, o Brasil não é igual a eles.

O que aquela gente quer dizer realmente? Qual o conceito que tem de nossa sociedade e o que acham dos homens sérios desta Nação? Somos nós todos uns perfeitos imbecis ou vagabundos desonrados, sem qualquer tipo de sentimento pela Pátria ou pela família, que ao sermos invadidos pelos odiosos meios de comunicação destes malditos conglomerados do entretenimento, acabaremos facilmente encantados, convencidos e doutrinados? É isso o que pensa? É com isto que aqueles patifes estão contando para impedir, pelo voto, que ocorra qualquer mudança ou, o que é pior, para tudo mistificar promovendo uma insignificante alteração da ordem vigente, que de fato não vai resgatar o Brasil do caos em que se encontra?

As campanhas políticas dos candidatos a qualquer cargo eletivo que nos afligem a alma e insultam nossa inteligência e que, em verdade, só beneficiam uma reduzidíssima parcela da população não valem nada, desconstroem o ideal, desencaminham o incauto, promovem os vilões da nossa cidadania e nos custam muito caro porque de gratuito só têm o rótulo. Toda essa farra vai nos custar mais de 3,8 bilhões de reais arrancados da Fazenda Nacional apenas para promover as tais sociedade de malfeitores, travestidas de partidos políticos.

Tais agremiações partidárias não estão interessadas em quem será eleito Presidente da República. Estão atrás das verbas dos fundos partidários para elegerem o maior número de asseclas possível porque, quem quer que venha a ser o escolhido, vão aderir no futuro e tentar garrotilhar de toda forma.

Então, numa apertada síntese, podemos dizer que temos o seguinte. Desde 1985 e com ênfase para o período de 2005 (com o escândalo do Mensalão) para esta parte, dia a dia vimos o Brasil ser assaltado e seu povo levado ao desespero principalmente por causa dos políticos e da política que aí está. Pois bem, então, que fique tudo esquecido, que restem todos perdoados e quem sabe resgatados da cadeia para, a partir de uma lavagem cerebral na telinha ou pelas ondas das rádios, ungirmos por mais quatro anos aqueles que tanto mal nos fizeram e que nos envergonharam perante o Mundo. É muito doloroso.

Caso tenhamos eleições este ano, vou às urnas, vou votar, porém não me permitirei ser aviltado pelas propagandas dos poderosos. Vou ostensivamente manter a televisão desligada e igualmente o rádio, com a mesma repugnância que a corja política tem de todos nós que a sustentamos. Desta maneira terei tempo de sobra para procurar a informação isenta e correta nas redes sociais, onde facilmente podemos esconjurar as que já foram cooptadas pelos malfeitores de sempre.

É isto que estou propondo nesta cruzada. Vamos votar, mas desliguem a televisão e silenciem as rádios durante os anúncios e as propagandas oficiais e ainda vamos promover, por conta própria, a divulgação das nossas ideias, do nosso pensamento e dos nossos sentimentos pelo Brasil. Meios não nos faltam nos dias de agora como, por exemplo, esta corajosa e isenta Tribuna na rede mundial de computadores.

A propósito. Não nos deixemos intimidar pelo lado sórdido e obscuro da nova campanha promovida pela grande imprensa com objetivo de conservar incólume o monopólio absoluto da informação. Assim procede porque se vê desesperada ante o peso e a crescente influência das redes sociais. Penso que aqui devemos separar as coisas. Uma é o combate à disseminação desenfreada de notícias falsas que se deve apoiar. Outra situação está configurada pelo direito de se optar pelas redes de informação do povo e de nos afastarmos da imprensa profissional, o que deixa em pânico os conglomerados da comunicação.

Avaliem a satisfação que teremos ao ver a nata dos comunicadores comprada pela grande imprensa, acompanhada de seus abastados patrões e dos abomináveis políticos, todos constatando que as campanhas que promoveram à custa dos cofres públicos em favor de seus inconfessáveis interesses, resultaram em nada ou em quase nada e, mais ainda, que efetivamente só decorreu mesmo do tal horário gratuito um grande apagão, de Norte a Sul do Brasil. Isto a par de ser altamente profícuo para o País seria de morrer de rir.

 

 

Por Jose Mauricio de Barcellos ex-Consultor Jurídico da CPRM-MME é advogado. Email.: [email protected]).

Tags: