Opinião – Uma carta do xadrez de Curitiba

03/08/2018 12:26

”(…) Chegará uma hora em que tudo isso vai passar, que as torcidas de um lado e do outro não vão estar azucrinando nas arquibancadas (…)”

”Estou aqui nesta sala em Curitiba e fico pensando em meu antagonista. Será que não percebeu que eu ganhei e ele perdeu a batalha contra a História? Será que os fatos não são mais do que escandalosamente acachapantes para provar que ele extrapolou? Passou de todos os limites e não respeitou o que determinam os códigos?

E, agora, ele vem colocar a culpa em mim? Eu sou o culpado? Não! O culpado é ele. Se não tivesse feito tudo o que fez, toda essa situação não teria sido criada.

Sabe, nós dois somos famosos. Eu acho que quanto mais ele me ataca, mais ele quer se promover. É uma tática para desviar a atenção da opinião publica: ao invés de discutir o que ele fez, quer que discutam a minha pessoa.

Ele me usa como um símbolo porque sabe que toda vez que investe contra esse símbolo vai mobilizar a turma dele do lado de lá. Só que se esquece que do lado de cá a turma tem horror a tudo que ele fez.

Então, ficamos nesse zero a zero. Quanto mais ele me bate, no fundo ele fortalece o apoio daqueles que estão do meu lado. E o pessoal que está do lado dele nunca ia ficar comigo mesmo. Então, tanto faz.

Sabe, acho que ele foi a melhor e a pior coisa que aconteceram na minha vida. Graças a ele, sem dúvida nenhuma, escrevi o capítulo mais dramático da minha história. No entanto, jamais imaginei que ia encontrar alguém com essa substância em meu caminho.

Meu antagonista é ousado e capaz de lances dos mais arrojados riscos. Alguém a que se deve estar atento a todo momento, pois, ao menor descuido, ele cria uma oportunidade onde não existe e tira proveito. O único intuito é me encurralar.

Ele fica o tempo todo torcendo pelo meu erro e eu pelo dele. Nós estamos aqui em um jogo de xadrez. É o xadrez do xadrez. Dizem que ele joga com as brancas. Eu acho que ele joga com as pretas. Mas isso tudo é detalhe.

A vantagem de um lance não faz uma partida. O objetivo do xadrez é destruir mentalmente o adversário. É levá-lo ao colapso mental. É encurralá-lo de tal forma que ele simplesmente aceite o xeque mate. Meu antagonista sabia que a partida ia ser longa, mas nunca imaginou cruzar com um jogador como eu.

O que eu posso lhe dizer? Você perdeu. Chegará uma hora em que tudo isso vai passar, que as torcidas de um lado e do outro não vão estar azucrinando nas arquibancadas. Será quando o tempo em seu silêncio e em sua majestade harmoniosa irá proclamar solene veredito.

Nessa hora, nem eu nem você estaremos aqui. Apenas nossos vultos. Um repousara com grandeza e sua sombra atravessará gerações. Outro restará como o antípoda que foi triturado por uma força chamada História, contra a qual nunca se deve lutar. Tenho pena de seu futuro. Pena e jubilo. Você perdeu. Aceite que dói menos”.

Quem a escreveu: um ou outro?

 

 

Por Mario Rosa, 53 anos, é 1 dos mais renomados consultores de crise do Brasil. Pede que em sua biografia seja incluído o fato de ter sido jurado de miss Brasil e ter beijado o manto verde-rosa da Estação Primeira de Mangueira. Foi o autor do prefácio do primeiro plano de gerenciamento de crises do Exército Brasileiro. Atuou como jornalista e consultor.

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