Opinião – Bolsonaro é o presidente escolhido e vai terminar seu mandato

05/05/2020 13:15

”…não poderia ter outro desfecho, vindo ele finalmente, sem revelar seu recôndito interesse eleitoral, atribuir faltas ao presidente que o tolerou por tanto tempo”

Nunca antes na história deste país um presidente eleito pela população em escolha livre e democrática, em pleito sem nenhum vício, embora a oposição queira contradizer a verdade, tenha sido tão covardemente agredido, principalmente por uma imprensa aliada à oposição, que o faz exclusivamente para agravar a honra de nosso magistrado e confundir seu exercício firme e incorruptível à frente da administração federal e nas relações internacionais.

Com tintas comparáveis, testemunhamos nosso presidente Juscelino Kubitschek (O contemporâneo do futuro, como lhe definiu Paulo Pinheiro Chagas) sobreviver a um período de grandes perturbações, todas infligidas mais pela UDN do que por grupos de interesses. A defesa de Juscelino foi a tolerância, e por isso, venceu aquela quase pandemia de acusações, e realizou o maior governo, projetando o país ao respeito das nações. Bolsonaro tem estilo diferente, e foi eleito com larga maioria, com a alma ferida pela baderna administrativa que perdurava no país junto à corrupção endêmica que se apossou do Estado.

A imprensa, que num país democrático deve apresentar-se como leal servidora da opinião pública, a de agora desserve a verdade e trunca a realidade a soldo de interesses impublicáveis e dos que perderam não apenas a posição, mas os privilégios e os hábitos escabrosos que acumularam durante mais de treze anos.

A agressão e a insatisfação contra o candidato então apontado como vitorioso iniciou-se com a terrível e covarde facada que penetrou no abdômem do ex-deputado Bolsonaro, mas de cujo incidente, que o paralisou por 40 dias durante a campanha, mais o elevou diante do eleitorado, que enxergava nele, por sua energia já provada em seis mandatos, um novo Robin Hood, não pelas armas e desconcertantes truques que o herói praticava em defesa dos mais pobres, mas com seu passado, seus gestos e suas palavras que juravam repor o Brasil no caminho da ordem e da prosperidade, como ainda anseia nossa hoje aguerrida sociedade. Este crime verdadeiramente hediondo pelos detalhes com que o criminoso o feriu, com evidentes indicativos de participação de terceiros, até hoje permanece sem desfecho de sua responsabilidade intelectual. O ministro Sergio Moro (o futuro vai cobrar-lhe) não foi atento como se esperava na obrigação incontestável de investigar o atentado, não apenas pela pessoa da vítima, mas porque todos estavam certos de que a tentativa proveio de motivação política, e o governo que iria integrar exigia sua autoridade na investigação. O tempo se passou e o lépido, apressado e arguto juiz, que cobrara uma pensão ao presidente para um desenlace eventual (que a história não mostra exemplo e a lei menos ainda), não interessou-se pela verdade.  O convidado não se constrangeu em formular o descabido pleito, um privilégio, mais ocorrente nos mandatos presidenciais recentes e contra os quais constituía bandeira da campanha a extinção de todos eles. Vale dizer, por um convite de boa-fé extrema – lembrança saudada festivamente pela sociedade – e o futuro ocupante da pasta da maior relevância, cuja galeria exibe exemplos como o de Milton Campos (entre outros o artigo memorial de Otto Lara Resende – Milton, o homem que todos gostaríamos de ser), o solerte juiz entrega sua postulação, imoral, imprevista, chocante. È inimaginável para quem viveu a experiência do serviço público ou mesmo para um cidadão de poucas luzes, não se desconfortar com uma solicitação desta natureza, vinda de um homem que ostentava a auréola de sagaz, enérgico, um cavaleiro da moralidade. E ainda viesse a se encontrar com o homem que caminhava com o propósito maior de resgatar os valores verdadeiramente republicanos e lhe encaminhasse esta extravagante pérola de salvaguarda pessoal e familiar pelas fímbrias do processo de transição e formação de governo ! Esta falta gravíssima, assumida conscientemente, já é uma das manchas de sua biografia. Começou mal o ex-juiz, e quem o saúda iguala-se a ele. Sua passagem pelo ministério – o que atrasou muito a administração de Bolsonaro – não poderia ter outro desfecho, vindo ele finalmente, sem revelar seu recôndito interesse eleitoral, atribuir faltas ao presidente que o tolerou por tanto tempo.

Vai tarde, traidor. A República é maior que as vaidades !

 

 

 

Por José Maria Couto Moreira é advogado.

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