Editorial – Presidente, Cuiabrasa e oportunistas

19/08/2021 11:32

”estarei onde o povo estiver”
”tenho uma história marcante aqui”
”não sei se vai ser Pacú ou Tambacú”

Presidente durante evento essa manhã, no Hotel Fazenda MT, em Cuiabá (MT), promovido pela Funai (Fundação Nacional do Índio) e a Secretaria de Governo do Estado. Foto: Reprodução TVBrasil

Como já era de se esperar, o presidente Jair Messias Bolsonaro (sem partido), foi recebido por centenas de pessoas ao coro de ”mito”, na manhã desta quinta-feira (19), por volta das 9h, daquele jeito, sem máscara, risonho e despachado, já pegando uma criança no colo e apertando as mãos dos apoiadores assim que desembarcou no Aeroporto Marechal Rondon.

O motivo da vinda do chefe do Executivo Federal à capital de Mato Grosso, seria, além de político eleitoreiro (naturalmente), participar de um seminário da Fundação Nacional do Índio (Funai) no Hotel Fazenda Mato Grosso.

Bolsonaro chega na capital mato-grossense na época mais quente do ano. Cuiabá atinge nos últimos dias e assim serão, pelo menos, os próximos 2 meses, a temperatura média de 40º com sensação térmica, dependendo da localidade, de 50º graus.

Carioca, possivelmente não irá reclamar do calor. Mas, a umidade relativa do ar é o grande protagonista da agonia dos cuiabanos nessa época do ano – similar com desertos orientais.

A baixa umidade, clima seco, típico desse período de estiagem, atinge os assustadores níveis de 9, 7, até 6%. E o pior não para por aí. Incêndios florestais (Pantanal, São Vicente, Chapada) e urbanos (terrenos baldios e lixões) são um agravamento para o calor e sequidão castigar ainda mais quem aqui mora.

Mas, graças a Deus, temos alguma infraestrutura e o presidente ficou, apesar do tumulto, ”climatizado” no salão do hotel, sede do evento. Ainda foi lá, que Bolsonaro disse no final do seu discurso que iria almoçar, mas não sabia se um Pacú (peixe farto nos rios da baixada cuiabana em outros tempos) ou um Tambaqui (espécie amazônica, criada em tanques de piscicultura). Ninguém naquele momento, ao vivo para todo Brasil, soube ter o mínimo de astúcia e dar um grito: ”Pacú, presidente”! Nenhum assessor. Nenhum repórter local. Ninguém! Mesmo que o capitão fosse comer um Tambacú (cruzamento entre Pacú e Tambaqui, muito comum em criatórios e no mercado atualmente). Mas, criasse ali um clima mix de versatilidade regional para com a fala leiga do militar.

Nem mesmo alguns dos políticos oportunistas que o cercavam naquele evento, fizeram um gesto de simpatia sobre o comentário ingênuo. mesmo porque, quem ali é de fato cuiabano? E aos chamados de oportunistas, pois em atos individuais e projetos pessoais, esquecem de quem foi o ”pano que lustrou sua poeira” outrora.

Por fim, a população ameniza esses desgostos locais, vibrando sua energia em favor de um governante que elas acreditam. Deixaram as ruas e avenidas ainda mais quentes, com seus gritos de apoio ao presidente da sua República.

Já alguns anfitriões, bom…esses possivelmente serão lembrados no pleito de 2022, 2024…não por Bolsonaro, mas pelo povo que está, ao engano deles, acompanhando diariamente os prós e contras.

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