Opinião – Múltipla escolha?

26/11/2021 06:50

”Já que se apresentam tão cedo alguns possíveis candidatos a presidente, vamos atentar para o que eles andam dizendo por aí, o que têm feito e o que fizeram”, diz jornalista

O ex-ministro da Justiça e ex-juiz da Lava Jato Sergio Moro. Foto: Lula Marques/Fotos Públicas

Este olhar tão à frente, nas eleições do ano que vem, só atrapalha. O Brasil é quem perde, perdemos todos nós. Mais de um ano de campanha eleitoral acaba relegando a segundo plano o combate àquilo que realmente dificulta o desenvolvimento, o crescimento do país. Tantas reformas em compasso de espera, emperradas por um jogo político quase sempre sujo, desonesto… É uma tristeza.

O que dá para fazer, diante disso? Alguém acredita que o Congresso vai trabalhar pelo país no ano que vem? Com tantos interesses egoístas e oportunistas, isso é difícil. Acabam nos empurrando para uma definição sobre nossa intenção de voto. O eleitor mais atento pode, pelo menos, ir construindo um desejo claro e coerente, na disputa pela Presidência da República.

Como numa prova de múltipla escolha, melhor eliminar logo as respostas erradas, falsas. No caso em questão, riscam-se os hipócritas e incoerentes, os fingidos, mentirosos, os dissimulados. E como identificá-los? Simples. Já que se apresentam tão cedo alguns possíveis candidatos a presidente, vamos atentar para o que eles andam dizendo por aí, o que têm feito e o que fizeram.

Alguém com senso crítico intacto eliminaria imediatamente da corrida eleitoral o “descondenado” Lula. É impossível acreditar em sua honestidade, e nem é preciso dizer por quê. Passemos às suas ideias políticas… Elas são mofadas, nunca deram certo, nunca darão. Precisamos de menos Estado. E o apreço de Lula pela democracia é nenhum, inexiste. Apoiador de ditadores na África, no Golfo Pérsico, na China, na Venezuela, em Cuba, na Nicarágua… Fala abertamente em censura, numa conversa mole sobre regulamentação da mídia, da internet. É o maior cara de pau deste país.

Sergio Moro já disse que Lula flerta com o autoritarismo. Pegou leve. E ele, o ex-juiz, faz o quê? Quando ministro da Justiça, criou com Mandetta uma lei que prevê vacinação compulsória contra Covid… Calou-se diante do “fecha tudo”, das agressões à Constituição. Gente impedida de tocar seus negócios, gente impedida de trabalhar, de ir e vir. O que disse Moro sobre as prisões em praças, praias, sobre a violência de policiais e guardas municipais contra inocentes? Ele não disse nada.

Nenhuma palavra também contra a censura, a perseguição a veículos e profissionais de comunicação imposta pelo STF, nada sobre prisões ilegais ordenadas por um ministro do Supremo. Moro talvez até concorde com a anulação de suas sentenças contra Lula, ache compreensível terem decidido por sua suspeição… E talvez acredite até hoje que prerrogativas constitucionais do presidente da República devem ser ignoradas. Desse jeito, não precisa nem apresentar seu plano de governo.

 

 

 

 

Por Ernesto Lacombe, é jornalista e escritor. Por três anos, ficou perdido em faculdades como Estatística, Informática e Psicologia, e em cursos de extensão em administração e marketing. Não estava feliz. Resolveu dar uma guinada na vida e estudar jornalismo. Trabalha desde 1988 em TV, onde cobriu de guerras e eleições a desfiles de escola de samba e competições esportivas. Passou pela Band, Manchete, Globo, Globo News, Sport TV e atualmente está na Rede TV.

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