Opinião – Descanso mínimo

10/01/2022 07:14

”Vem de cada indivíduo a condução do Brasil pelo caminho justo, verdadeiro, correto. Somos, por natureza, animais políticos, ensinou Aristóteles”

Nova urna eletrônica para as eleições de 2022. Foto: Abdias Pinheiro/TSE

Nos meus tempos de colégio, o ano letivo era mais curto. Tínhamos apenas 180 dias de aula. Como sempre fui bom aluno, escapando de recuperação e provas finais, eu costumava ter férias da segunda semana de novembro até o início de março. E as férias no meio do ano se estendiam por quase todo o mês de julho. Acho que acumulei energia suficiente nesse período para cursar duas faculdades ao mesmo tempo e, depois, para atuar como jornalista, profissão que não respeita fins de semana, feriados e madrugadas teoricamente silenciosas.

Tenho dois programas na televisão, dois projetos na internet, escrevo para três jornais. Como nossos magistrados, não tenho direito a horas extras, não tenho jornada de trabalho definida, estou disponível 24 horas por dia. Nossos juízes ainda podem tirar 60 dias de férias por ano… Eu não posso. Também não tenho um privilégio de servidores públicos, a possibilidade de pedir licenças especiais remuneradas. E não estou aqui para clamar por mais tempo de férias, mais dias não trabalhados. Muito pelo contrário.

Sei dos desafios que 2022 impõe, não apenas a jornalistas, a todos nós. Este ano vai exigir de cada brasileiro muita atenção, muito cuidado. Alerta máximo, descanso mínimo, só o necessário para seguir em frente, não embaralhar a mente, não embotar o pensamento. Serão dias movimentados, numa guerra quase sempre suja… Bandidos se vendendo como mocinhos, mentirosos desavergonhados, egoístas e oportunistas, estão todos aí, tentando laçar os desinformados, os distraídos, os preguiçosos, qualquer um que pisque mais lentamente.

Este ano, teremos a eleição mais importante da história do país. Pense bem em cada um dos seus votos, todos são importantes. Há tantos instrumentos para identificar os canalhas, os velhacos, os farsantes. Descarte imediatamente os que não querem saber de liberdade, os que representam o retrocesso, o atraso, fórmulas que nunca funcionaram. Verifique, por exemplo, os deputados que votaram pela manutenção da prisão do deputado federal Daniel Silveira, os congressistas que votaram a favor do bilionário fundo eleitoral, contra o Marco Legal do Saneamento Básico, contra a privatização dos Correios… Não dê a eles um novo mandato.

Vem de cada indivíduo a condução do Brasil pelo caminho justo, verdadeiro, correto. Somos, por natureza, animais políticos, ensinou Aristóteles. Entregue-se ao debate, não permita a eliminação do confronto de ideias. Mergulhe nos fatos, no mundo real. Argumente, contra-argumente. Não esqueça, Platão deixou claro que aqueles que não gostam de política serão governados pelos que gostam. Felizmente, os brasileiros se politizaram. Agora, então, exigem de todos nós empenho, luta pela verdade… Será um ano de enormes desafios. Meus tempos de colégio e férias longas estão distantes, muito distantes. Eu estou a postos. E você?

Conteúdo editado por:  Marcio Antonio Campos

 

 

 

Por Luís Ernesto Lacombe é jornalista e escritor. Por três anos, ficou perdido em faculdades como Estatística, Informática e Psicologia, e em cursos de extensão em administração e marketing. Não estava feliz. Resolveu dar uma guinada na vida e estudar jornalismo. Trabalha desde 1988 em TV, onde cobriu de guerras e eleições a desfiles de escola de samba e competições esportivas. Passou pela Band, Manchete, Globo, Globo News, Sport TV e atualmente está na Rede TV.