13/01/2022 08:59
” Resta saber se alguém vai topar pagar para ver a tragédia petista acontecer novamente”
Após uma mãozinha do STF, que, pautado por supostas mensagens que teriam sido roubadas do celular de altas autoridades da República, decidiu soltar e reaver os direitos políticos do ex-presidente Lula, o petista se preparara para disputar a eleição deste ano. Como sempre em processo eleitoral, a pauta econômica é uma das mais debatidas. E Lula escolheu seu porta-voz para publicar artigo sobre o tema na Folha de S.Paulo: ninguém mais, ninguém menos que o ex-ministro Guido Mantega, um dos responsáveis por uma das maiores crises econômicas da história brasileira.
Graças à gastança descontrolada e às manobras e pedaladas fiscais promovidas entre o segundo mandato de Lula e o primeiro mandato de Dilma, o Brasil viu a inflação superar os 10%, a taxa Selic subir acima de 14% e o PIB ter uma queda acumulada de quase 7% nos anos de 2015 e 2016. O engenheiro desse caos tinha nome e sobrenome: Guido Mantega.
Agora, anos depois, ele volta com aquela que seria a receita para fazer o Brasil voltar a crescer, ignorando o fato de que as previsões mostram que o PIB deve crescer quase 5% em 2021, após a gravíssima crise trazida pela pandemia da Covid-19. Mantega, entretanto, ignora a pandemia e diz que os atuais problemas econômicos do Brasil se devem ao “neoliberalismo anacrônico, que não é mais praticado em nenhum país importante do mundo”.
Entre as políticas criticadas pelo guru econômico lulista estão importantes avanços institucionais conquistados pelo Brasil após a saída do petismo do poder, como a reforma trabalhista e o teto de gastos públicos. Tais medidas, juntamente com a reforma da Previdência e a Lei da Liberdade Econômica, impediram que o país adentrasse num atoleiro sem fim.
Com um eventual novo governo Lula, guiado por Mantega, é provável que as medidas sejam revogadas, o que representaria jogar o país no caos completo. A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, já defendeu a revogação da reforma trabalhista. Milhões de empregos gerados a partir das regras da reforma seriam perdidos do dia para a noite, jogando cidadãos de volta à fila do desemprego.
Já o teto de gastos, a principal âncora fiscal do Brasil na atualidade, é alvo antigo dos petistas. A revogação do regime fiscal, sem uma nova regra de freio nas despesas públicas, representaria para os agentes econômicos que o país deixou a responsabilidade fiscal e a recuperação das contas públicas de lado, fazendo o preço do dólar disparar, assim como a taxa de juros, pois o prêmio de risco a ser pago para emprestar dinheiro ao governo deve ser muito alto. O reflexo se dará na disparada de preços de produtos nas prateleiras de supermercados e farmácias.
Mantega também dá as linhas gerais do que seriam as medidas econômicas de um quinto mandato do petista: o aumento de investimentos públicos e a “taxação dos ricos”. Ou seja, o ex-ministro dá a senha para a gastança desenfreada, enquanto o governo deverá partir para aumentar impostos sobre empresas e investidores, afugentando qualquer perspectiva de grandes investimentos privados no Brasil.
No texto, o ex-ministro não fala sobre a independência do Banco Central ou sobre as concessões e privatizações realizadas nos últimos anos. Porém, dada a linha desenhada no texto, é bastante provável que tais medidas também entrem na mira petista, em um eventual novo governo a partir de 2023.
Na formulação do novo programa de governo de Lula, Mantega está acompanhado de nomes como o ex-ministro Aloizio Mercadante e a deputada federal Gleisi Hoffmann. Todos foram integrantes da gestão Dilma Rousseff e têm suas digitais no desastre econômico produzido pela petista.
Mantega deixa claro no texto publicado na Folha que, ao contrário do que tentam fazer parecer analistas políticos e jornalistas militantes, Lula não está nem um pouco moderado na área econômica. A equipe e as ideias mostram que a intenção do petista é fazer um programa que terá como resultado o aumento do desemprego e da inflação, juntamente com a explosão da dívida pública, recheado por retrocessos institucionais e aumento da insegurança jurídica. Resta saber se alguém vai topar pagar para ver a tragédia petista acontecer novamente.
Por Victor Oliveira é mestre em Instituições e Organizações e especialista em Marketing Político e Comunicação Eleitoral.