Opinião – Informalidade contra o empreendedorismo

É preciso cobrar projetos de educação e empreendedorismo para este país. Menos patrões e padrões e mais autonomia para quem quer trabalhar neste país, escreve Junior Macagnam

29/03/2022 05:39

”País envelhece e passamos 40 anos sem aproveitar o crescimento demográfico”

Imagem: reprodução.

O país está envelhecendo, e passamos por estes 40 anos sem aproveitar o grande crescimento demográfico avançando muito pouco em produtividade. Crescemos somente 25% do Produto Interno Bruto (PIB) per capita, enquanto países como o Chile, da mesma região, chegou a triplicar este índice. Já Coréia, que na década de 60 estava em condições análogas às nossas, viu sua produtividade ser multiplicada por 5 com forte investimento e incentivo à educação básica.

Existe algo de muito errado com o nosso sistema educacional e isso é um fato. Somos o país que mais investe em educação na América do Sul, e mesmo assim somos o segundo pior nos testes mundiais de português e matemática. Acredito que essa diferença gritante de investimento/desempenho ocorra muito em função de que 2/3 dos recursos destinados para a educação no Brasil são consumidos na área meio, processos e trâmites, e apenas 1/3 destes investimentos são destinados aos alunos.

Como nosso país pode ter futuro! Eis o questionamento. Qual será o segredo para o crescimento para os próximos anos? Aumentar a produtividade. Hoje dos 212 milhões de brasileiros, 180 milhões poderiam estar trabalhando e produzindo para o Brasil crescer, porém temos apenas 50 milhões que trabalham e contribuem formalmente, enquanto 30 milhões estão na informalidade e estes dados são bastante destoantes dos países desenvolvidos.

Podemos definir produtividade como: produzir mais com menos. E só conseguiremos isso, além de melhorar a educação, aprimorando o ensino profissionalizante, para 80 milhões que estão trabalhando e para os outros 100 milhões de brasileiros que estão fora do mercado de trabalho. Enquanto no Brasil apenas 12% dos estudantes do ensino médio estão se profissionalizando, na região da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) este percentual chega a 48%. É assustadora a discrepância.

Para melhorar nossos números também precisamos rever formas e processos de resolvermos problemas além de diminuir a burocracia no país. Estima-se que a evasão fiscal por ano no Brasil seja algo em torno de R$ 600 bilhões. Isso porque nosso sistema de impostos é o que exige o maior número de pessoas e horas trabalhadas para realizar o pagamento.

Nosso sistema tributário é injusto e arcaico, a grande maioria da arrecadação é no consumo, nos sistemas mais modernos é baseado na renda, no patrimônio e nos ganhos. A reforma tributária é urgente, precisa ser mais justa, e não onerar ainda mais. Além de simplificar e criar mecanismos para combater a informalidade.

Este deve ser o momento das empresas e empreendedores assumirem suas responsabilidades e serem protagonistas nestas reformas que o Brasil tanto necessita, para gerar mais empregos, renda e desenvolvimento.

É preciso aproveitar a tendência do empreendedorismo provocada pela pandemia. Focar no ensino profissional e técnico. O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) divulgou que no primeiro semestre de 2021, houve um aumento recorde de abertura de micro e pequenas empresas no país de 35%, o que resultou nos seis primeiros meses cerca de 2,1 milhões de novos negócios.

Até quando vamos ser pais do “futuro” ou “em desenvolvimento”. É preciso cobrar projetos de educação e empreendedorismo para este país. Menos patrões e padrões e mais autonomia para quem quer trabalhar neste país.

 

 

 

 

Por Junior Macagnam é empreendedor , membro do “Livres” e vice-presidente da CDL.