Não são cassados porque existem grupos de parlamentares que se identificam com políticos indecorosos, lamentavelmente, e não demonstram interesse republicano pela moralização da Casa, escreve Julio César Cardoso
18/04/2022 05:30
”Na iniciativa privada, trabalhadores faltosos e relapsos seriam demitidos”
A condescendência do Congresso com o comportamento não exemplar de muitos parlamentares demonstra cabalmente a sua negligência na tomada de posição em defesa da instituição.
O desgaste da imagem do Congresso diante da sociedade é fato insofismável. Mas isso pouco importa para os congressistas. Porém, deveria haver respeito dos parlamentares para com os contribuintes, pagadores de seus salários e mordomias.
Pois bem. Está na mídia “O deputado e pagodeiro Igor Kannário (PHS-BA) faz parte do grupo de parlamentares “invisíveis”, que pouco contribui para as discussões ou que se ausenta das decisões importantes. Com elevado índice de faltas, mesmo com a adoção do sistema remoto, Kannário não quis falar sobre sua atuação parlamentar”.
O país carece de moralidade pública, principalmente o comportamento de nossos políticos. Apelar para quem? É óbvio que o eleitor é exclusivamente o culpado por eleger pelo voto obrigatório qualquer mequetrefe.
Se no país o voto fosse facultativo, certamente, muitos desses políticos sacripantas não seriam eleitos. E por que os políticos são contra o voto facultativo? Eles não querem perder a oportunidade do cabide de emprego público que o voto obrigatório, imoral e antidemocrático, proporciona.
Na iniciativa privada, trabalhadores faltosos, relapsos, inassíduos — como o referido deputado — seriam demitidos. Por que, então, não se moraliza o Congresso? Renova-se o Congresso, mas a pouca-vergonha continua a mesma.
Por que os mandatos dos Igo Kannário e cia, que desrespeitam a seriedade do cargo, não são cassados? Não são cassados porque existem grupos de parlamentares que se identificam com políticos indecorosos, lamentavelmente, e não demonstram interesse republicano pela moralização da Casa.
Por Julio César Cardoso é servidor federal aposentado.