Opinião – Mergulhei no Metaverso

Bastaria botar jovens traficantes neste metaverso por umas cinco horas para entenderem quão difícil é manter a saúde mental depois de preso.  Outro filme que me chocou foi uma entrevista de um preso há oito anos numa solitária. Desumano! Escreve Stephen Kanitz

10/05/2022 07:25

”Agora se alguém quiser ficar rico é só criar vídeos VR “Um Dia na Vida”

Foto: autor

Meu amigo de adolescência Alain Belda me deu um dos melhores conselhos da minha vida, e que de fato a mudou.

“Stephen, mergulhe de cabeça em toda tecnologia nova que aparecer. Seja o primeiro a dominá-la, não um dos últimos.”

Ele também seguiu seu conselho e se tornou Presidente Mundial da Alcoa.

Na USP aprendi a programar um dos primeiros computadores no Brasil, um IBM 1130.

Em 1997, logo no seu início, mergulhei na internet e criei o voluntarios.com.br, quando .org nem existia.

Comprei ações da Apple logo no início. (mas vendi cedo demais)

Como o futuro é metaverso, gastei o último mês brincando de realidade virtual.

Vejam o que eu fiz.

1. Pela primeira vez na vida pulei de paraquedas.

2. Fiz kite surfing.

3. Fui em um navio quebra-gelo até o polo norte. (decepção)

4. Fui para a Finlândia ver a aurora boreal. Fantástico os primeiros 15 minutos, depois cansa.

5. Subi num balão.

6. Aterrissei num porta-aviões.

7. Fui até a Base 5 do Everest.

8. Fui para o Kenya ver os animais de perto.

9. Fui para a Estação Espacial, e fiz uma saída externa. Fantástico!

10. Esquiei na França.

11. Assisti uma cirurgia.

12. Obama me explicou em detalhes a Casa Branca.

13. Assisti um show da Lady Gaga na primeira fileira.

14. Fui para Petra, Londres, Nova York, Roma.

15. Joguei golfe e ping pong.

Mas duas experiências realmente me abalaram.

Num filme virtual eu era um prisioneiro numa cela com doze presos.

Uns oito presos conversaram comigo, todos mal da cabeça.

Visitei as celas e as instalações. Um horror!

Bastaria botar jovens traficantes neste metaverso por umas cinco horas para entenderem quão difícil é manter a saúde mental depois de preso.

Outro filme que me chocou foi uma entrevista de um preso há oito anos numa solitária. Desumano!

A outra experiência interessante foi seguir a vida de um médico no seu plantão.

Isso me remeteu a um projeto que não consegui implantar.

Há 40 anos procurei a TV Cultura para propor um programa “Um Dia Na Vida” onde filmaríamos literalmente um dia na vida de todas as profissões.

Como professor da USP sabia que metade dos alunos haviam escolhido as profissões erradas, por falta de informações.

Jogamos 75% do que gastamos em educação superior fora, porque não damos treinamento vocacional.

Quando surgiu o Twitter, agrupei doze profissionais de profissões diferentes, e repassava o que tuitavam dia a dia.

Agora se alguém quiser ficar rico é só criar vídeos VR “Um Dia na Vida”.

Para que estudantes indecisos sintam na pele um dia na vida antes de escolher uma profissão.

Quem se anima?

 

 

 

 

Por Stephen Kanitz,  é um consultor de empresas e conferencista brasileiro, mestre em Administração de Empresas da Harvard Business School e bacharel em Contabilidade pela Universidade de São Paulo.