O que se percebe na eleição ao Senado, é que ela ficou refém dos candidatos a governador e do presidente da República. Deixa um grande espaço pra uma terceira via. Escreve Onofre Ribeiro
16/08/2022 05:25
”Eleição de senador polarizou cargos de governador; crises chegam a MT”
Se a eleição de governador parecia há duas semanas que era favas contadas, a de senador também. Os candidatos eram os mesmos de agora. Exceção da médica Natasha Slhessarenko, que deixou a disputa.
Aliás, onde tinha muito boas chances. Disputaria com ela o atual senador Welinton Fagundes, o deputado federal Neri Geller e a o produtor rural, Antonio Galvan.
Parecia pacífica a convivência de todos com o governador Mauro Mendes, então candidato único ao governo. Logo, era bom pra todos estarem no mesmo palanque do governador, a que se chamou de “palanque aberto”.
Não deu certo. Qual era a engenharia? Todos os três candidatos apoiavam o presidente Jair Bolsonaro. Exceção de Natasha, embora o seu partido, o PSD também apoiasse Bolsonaro. Mas era só uma questão de ajustes, porque ela apoiava Mauro Mendes.
Na nova engenharia Neri Geller foi apoiar a candidatura Lula e levou consigo o presidente do PSD, senador Carlos Fávaro. Agora, tudo mudou com a entrada na cena de Márcia Pinheiro ao governo. Ela terá o apoio de ambos e do PSD. Oposição a Mauro Mendes e ao presidente Bolsonaro. Welinton Fagundes apoia Mauro Mendes e Jair Bolsonaro.
Antonio Galvan apoia Jair Bolsonaro e segue distante de Mauro Mendes. Ficou meio candidato avulso. Mas tem vantagens. Na medida em que os seus dois oponentes polarizaram a eleição ele corre solto. Welinton soma com Mauro Mendes e com Jair Bolsonaro.
Neri Geler apoia Márcia Pinheiro e Lula. Traduzindo: a morna eleição de senador polarizou nos cargos de governador e de presidente da República. As mesmas crises da política nacional chegam a Mato Grosso.
Tanto Neri quanto Welinton ficam reféns dos dois candidatos mais relevantes ao governo e também da eleição de presidente. De um certo modo é bom pra ambos, mas na medida em que a eleição mudar em função da disputa nacional e a regional complicar, eles se complicam junto. Nesse ponto, Antonio Galvan se sai melhor.
Duro e franco ele fala a linguagem dos bolsonaristas. Ataca o Supremo Tribunal Federal. Promete votar os temas espinhosos que o Senado vem evitando. Prega ainda a dureza do Senado, hoje perdido na mesmice e na incapacidade congressual. Esta linguagem agrada profundamente à maioria bolsonarista em Mato Grosso.
De concreto, o que se percebe na eleição ao Senado, é que ela ficou refém dos candidatos a governador e do presidente da República. Deixa um grande espaço pra uma terceira via. Mato Grosso viverá uma eleição polarizada e incerta!
Por Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso.