No Largo de São Francisco, não teve voto de pobreza, teve defesa de boquinhas, de condenado em três instâncias por corrução e lavagem de dinheiro. Discursos e aplausos descompassados em apoio a ditaduras pelo mundo, censura na mídia, na internet. Escreve Luís Ernesto Lacombe.
19/08/2022 06:22
”Os cafonérrimos lendo cartinha no Largo de São Francisco são democratas de araque”
O ex-presidente do Tribunal Regional Federal de São Paulo venceu o medo da Covid, ele precisava ir ao Largo de São Francisco. Se soubesse que haveria tão pouca gente na manifestação, não teria tido tanto receio de sair de casa. Aos 86 anos de idade, queria gritar “basta”. Ficou um ano preso durante o regime militar e, pasmem, sem o devido processo legal! Recebeu mensagens de apoio no grupo da família: “atitude importante”, “exemplo para todos nós”, “um ser de muita luz”, “que legal”…
São pessoas assustadas com os crimes a caminho, crimes futuros, um golpe que vai sendo construído. Elas têm uma visão estapafúrdia, do tipo capaz de não perceber quantas leis vêm sendo rasgadas nos últimos anos, quanta gente vem sendo perseguida, censurada, presa… Processo legal garantido aos “democratas”, para aqueles que pensam como o nobre jurista aposentado. Contra os que divergem dele, fascistas com certeza, vale tudo: ilegalidades de todo tipo, agressões à Constituição, desmandos, abuso de poder.
Um juiz com audição e visão seletivas tem como estabelecer uma sentença? Um juiz que se permite ouvir apenas uma das partes, que tem um lado, que ignora fatos, provas, acontecimentos, o mundo real, concreto, de que nos serve alguém assim? Ignorar a podridão dos tais inquéritos das fake news, das “milícias digitais”, é imperdoável. Aceitar que advogados de defesa fiquem sem vistas, sem acesso à íntegra de um inquérito, o que dizer disso? Se não defende o devido processo legal sempre, em todos os casos, para todas as pessoas, perde a razão, jamais será isento, imparcial, confiável.
Os cafonérrimos lendo cartinha no Largo de São Francisco são democratas de araque. Ministros de tribunais superiores, ex-ministros, juízes, ex-juízes, advogados sedentos por instâncias sem fim. Adoram recursos, uma legislação pró-réu, pró-condenado, pró-bandido. Banqueiros bondosos e fraternos… Empresários do falso capitalismo, do lucro a qualquer custo, que rechaçam regras claras e concorrência leal. Já foram amigos do rei, os campeões nacionais, querem voltar a ser.
Há também os sindicalistas, sempre tão preocupados com eles próprios, os invasores de propriedade privada… E os artistas, claro, especialistas na arte de representar. Podem mentir descaradamente sobre qualquer assunto, parecendo sempre os donos da verdade. Talentos desperdiçados em arrogância, acham muito democrático o setor cultural atrelado ao Estado, dependente de verba pública.
No Largo de São Francisco, não teve voto de pobreza, teve defesa de boquinhas, de condenado em três instâncias por corrução e lavagem de dinheiro. Discursos e aplausos descompassados em apoio a ditaduras pelo mundo, censura na mídia, na internet. Deram vivas ao Estado enorme, esse que inviabiliza a democracia, a liberdade. Um grupo pequeno, descaradamente fajuto… Sua cartinha já está no lixo, sem possibilidade de reciclagem. Falta rechaçar nas urnas seu escatológico plano de governo, descaminho que vai dar na tirania e na servidão.
Por Luís Ernesto Lacombe é jornalista e escritor. Por três anos, ficou perdido em faculdades como Estatística, Informática e Psicologia, e em cursos de extensão em administração e marketing. Não estava feliz. Resolveu dar uma guinada na vida e estudar jornalismo. Trabalha desde 1988 em TV, onde cobriu de guerras e eleições a desfiles de escola de samba e competições esportivas. Passou pela Band, Manchete, Globo, Globo News, Sport TV e atualmente está na Rede TV.