São vários os setores econômicos que sofrem hoje e que poderiam ser beneficiados com a expansão do ensino técnico no curto prazo e com isso fazer uma economia diferente, mais competitiva e próspera. Escreve Júnior Macagnam
05/09/2022 06:52
”É urgente que governos e setor produtivo se unam para juventude estar bem equipada”
A falta de profissionais qualificados é atualmente um dos maiores desafios das organizações e departamentos de recursos humanos no Brasil. Um estudo da consultoria ManpowerGroup, que ouviu 40 mil empregadores de todos os setores, aponta que o Brasil é o nono país com mais falta de mão de obra qualificada em 2022, dentre 40 países e territórios pesquisados.
De acordo com o levantamento, 81% dos empregadores disseram enfrentar dificuldade para encontrar trabalhadores com a qualificação necessária. Este índice subiu em relação ao estudo do ano passado, que era 71%, e é maior que a média global (75%).
O cenário não é nada animador para o próximo ano, pois segundo estudo feito pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), o Brasil deve ter déficit de trabalhadores qualificados até 2023.
Nos próximos meses, a estimativa é de geração de mais de 401 mil postos de trabalho com qualificação, mas apenas 100 mil serão preenchidos por profissionais que tenham as habilidades esperadas pelas empresas. Com este cenário apresenta-se, mais uma vez, uma reflexão que sempre gerou debates, mas que agora está difícil de ser contrariada: a formação acadêmica atual não entrega o que mercado de trabalho precisa e a necessidade de transformação no aprendizado está clara.
É urgente, portanto, que escolas, governos e até o setor produtivo se unam para garantir que a juventude esteja bem equipada para buscar empregos formais ou trabalhar como empreendedora autônoma, realidade cada vez mais comum no mercado de trabalho, repleto de freelancers nas mais diversas profissões.
A reavaliação das diversas entidades de ensino ligadas à produção faz-se necessária e com brevidade, a entrega tem sido muito aquém do necessário. Para tentar mudar este cenário, o setor varejista como sempre, se mobiliza para superar seus desafios.
Em Mato Grosso a FCDL e as CDLs tem apostado nisso nos últimos anos e aumentou a oferta de cursos, palestras e workshops para os colaboradores, para que além de estarem atualizados, estejam preparados para atender o que o mercado solicita atualmente.
A importância do ensino técnico para o início da profissionalização de jovens brasileiros é fundamental para mudarmos essa realidade. Estudo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostra que o ensino técnico abre mais portas de trabalho do que o ensino médio completo ou o ensino superior incompleto.
De acordo com a pesquisa, o número de brasileiros matriculados na educação profissional e técnica representa apenas 8% dos estudantes atualmente, enquanto na União Europeia esse índice é de 46% e nos países que integram a OCDE(Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) é de 40%.
Devemos dar oportunidades para os adolescentes fazerem o ensino médio profissionalizante em um turno, sem renunciar à opção pelo ensino superior.
Pois sabemos que os jovens, sobretudo os mais pobres, precisam ter renda cedo. Aumentar a oferta de profissionais qualificados promove uma economia mais forte, equilibra a oferta de emprego e o preenchimento de vagas.
São vários os setores econômicos que sofrem hoje e que poderiam ser beneficiados com a expansão do ensino técnico no curto prazo e com isso fazer uma economia diferente, mais competitiva e próspera.
Por Junior Macagnam é empresário, vice-presidente Institucional da CDL Cuiabá.