Opinião – Ruas e Urnas

Até o Primeiro de Maio, antes dominado por sindicatos e pela cor vermelha, já foi tomado pelo verde e amarelo. Povo na rua, de forma ordeira e pacífica, será sempre democrático. Escreve Luís Ernesto Lacombe

09/09/2022 06:12

”Povo na rua, de forma ordeira e pacífica, será sempre democrático”

Discurso de Bolsonaro é acompanhado por milhares de pessoas em Brasília. Foto: Reprodução/Facebook

Era tanta gente que a oposição ficou deprimida, sentiu, chorou. Os travestidos de políticos, os travestidos de jornalistas… Em todo o país, ruas, avenidas, praças e orlas foram completamente tomadas. Todo tipo de gente, de todas as idades, famílias inteiras; a festa era para todos. E o que a oposição enxergou? Um movimento de golpistas e preconceituosos… Chega a ser risível. Disseram que haveria violência, que era melhor ficar em casa… Posicionaram atiradores de elite, convocaram esquadrões antibomba, milhares de policiais, que apenas testemunharam um povo em festa.

Qualquer um – candidatos, prefeitos, governadores – poderia ter convocado sua própria comemoração pelo 7 de Setembro. Todos eram livres para aproveitar a data do seu jeito. Trancou-se em casa quem quis, quem desconfia de sua capacidade de atrair apoio popular. Espaços para todos se reunirem nesse Brasil imenso não faltam. Os que preferem a cor vermelha, o hino socialista, a ditadura do proletariado poderiam ter encontrado um cantinho, uma viela, um beco qualquer, para fingir um sentimento de patriotismo, um apreço baldio pela liberdade.

Faltaram à festa oficial em Brasília os presidentes da Câmara, do Senado e do STF, e isso não fez a menor diferença. Há muito tempo, eles têm faltado quando o país mais precisa… Mesmo tapando os ouvidos, devem ter entendido o recado da multidão nas ruas e a mensagem clara do presidente da República de que a Constituição será cumprida. Que escândalo! Como alguém ousa dizer que as leis serão respeitadas?

Os discursos de Bolsonaro foram em defesa da liberdade, contra aqueles que defendem bandidos, entre eles um político condenado em três instâncias. Esse que não poderia nem estar solto, muito menos estar concorrendo a uma eleição. Esse que a velha imprensa anda dizendo respeitar mais o cargo de presidente da República do que Bolsonaro. Esse que, na Presidência, comandou esquemas bilionários de corrupção.

Nos 200 anos da independência, ficou claro que democracia é o poder que emana do povo, que a maioria decide. E, não se engane, o que beneficia a maioria beneficia também as minorias, já que somos iguais perante as leis, já que temos os mesmos direitos e deveres. Em tempos tão estranhos, é até possível que a maioria nas urnas seja diferente da maioria nas ruas, mas ninguém pode ter dúvida de que nenhum outro líder mundial tem a capacidade de Bolsonaro para mobilizar tanta gente.

O que temos visto nos últimos três anos é um resgate do patriotismo, que não tem nada a ver com nacionalismo. Até o Primeiro de Maio, antes dominado por sindicatos e pela cor vermelha, já foi tomado pelo verde e amarelo. Povo na rua, de forma ordeira e pacífica, será sempre democrático. E quem disse que os atos de 7 de Setembro seriam um termômetro para medir o fascismo no Brasil deveria estar por aí, cantando o Hino Nacional e o Hino da Independência.

 

 

 

 

Por Luís Ernesto Lacombe é jornalista e escritor. Por três anos, ficou perdido em faculdades como Estatística, Informática e Psicologia, e em cursos de extensão em administração e marketing. Não estava feliz. Resolveu dar uma guinada na vida e estudar jornalismo. Trabalha desde 1988 em TV, onde cobriu de guerras e eleições a desfiles de escola de samba e competições esportivas. Passou pela Band, Manchete, Globo, Globo News, Sport TV e atualmente está na Rede TV.