Opinião – Na democracia vencerá o mais votado

A legislação regulamenta o que se configura em crime, a injúria e a difamação e até o discurso de ódio com desconstrução de caráter pessoal, mas o Judiciário apenas se manifesta mediante a provocação, Escreve Wilson Carlos Fuáh

03/10/2022 07:36

”A intolerância só prospera quando a população age com falta de cultura”

Reprodução. Arquivo/TRE-MT

O que ocorreu nesta campanha foi uma disputa de incoerências, diante das inserções, em vários momentos não se sabia se estava ocorrendo uma discussão ou apenas troca de insultos, alguém viu o programa de governo ser debatido? Ou ele ficou escondido por conveniência.

Na maioria das vezes, a intolerância ao debate é maior do que a vontade de debater. Tive a impressão que a qualquer momento os candidatos partiriam para a “via de fato”, era um querendo invadir o espaço do outro, e distribuindo entre si, várias agressões sem pensar nos eleitores que ficavam até “altas horas” esperando por um programa de governo, para poder decidir pelo melhor, mas não foi isso que ocorreu, e por isso, o eleitor não consegue encontrar nenhum progresso evolutivo e inteligente nas exposições de ideias nos debates.

Sabemos que a intolerância só prospera quando a população age com falta de cultura e educação, mas quando os candidatos aceitam a orientação dos marqueteiros e partem para o “vale-tudo”, têm como resposta, a triste constatação do protesto silencioso das urnas, e isso, ficam demostrado na quantidade dos votos nulos, brancos e abstenções, que são resultado vindo com a reprovação dos comportamentos inadequados dos candidatos.

Não adianta, ficar a reprovar os eleitores, por negarem-se a participar das eleições pintadas com as cores das sujeiras sob as mãos e óticas dos marqueteiros que desrespeitando, exigem respeito para o seu orientado, cada um exige respeito sem respeito oferecer.

Por outro lado, vimos que em nosso mundinho contemporâneo, as pessoas nunca estiveram tão raivosas, exibindo uma intolerância beirando à tolerância zero, caracterizado por ações odiosas, que rotulamos criativamente como ‘mau humor crônico’.

E, ao fim da eleição, os “ditos cientistas políticos” ficam a julgar os eleitores como omissos, mas o que eu acho mais incrível em nossa sociedade, é a confusão que as pessoas fazem entre ser omisso ou ser conivente, por isso, nascem conceitos dos mais intolerantes e de forma preconceituosa, onde as decisões sociais nascem e morrem a cada situação de acordo com o momento, ou seja, em cada eleição é uma nova história.

Por isso, o direito de manifestar no silêncio das urnas, protestando contra a situação do país, do estado ou do município, é sagrado e legítimo, pois um homem público não tem a obrigação de ser acatado por todos, mais ainda num país onde a grande maioria da população é considerada semianalfabeta no entendimento dos políticos, o resultado nesta democracia brasileira, se caracteriza pela escolha do recebimento de votos e não pela melhor opção, mas essa é a regra, vence o mais votado.

Aquela pequena camada de intelectuais, também se distanciam das eleições, pois não quererem polemizar com a mediocridade, por entender que qualquer sacrifício é à toa, diante da ignorância, da intolerância e ódio que se espalhou na política.

Os orientadores dos candidatos incitam seus orientados a partirem em “bola dividida”, e praticam o “chute na canela” sem escrúpulos colocando inclusive a família no meio, o resultado que se vê são campanhas moldadas em intolerância e no ódio, onde se produz o total desrespeito as pessoas que pensam diferentes, ou nem tão diferente, mas estão de lados opostos, nos fazendo lembrar a música do Chico que diz assim: “se colocar mãe no meio, dou pernada a três por quatro e nem me despenteio”.

A legislação regulamenta o que se configura em crime, a injúria e a difamação e até o discurso de ódio com desconstrução de caráter pessoal, mas o Judiciário apenas se manifesta mediante a provocação, o direito não socorre os que dormem, mas o que se esperar do mediador legal, quando este está atolado em processos?

 

 

 

 

 

Por Wilson Carlos Fuáh é especialista em Recursos Humanos e Relações Sociais e Políticas.