17/11/2022 08:52
”Por isso criei em 1974 as Melhores e Maiores empresas, com dados cruciais para todos poderem escolher as melhores empresas para trabalhar. Do que ficar no centro acadêmico discutindo como destruí-las”
Agradeço a todos os elogios pelo meu artigo Capitalismo.
Recebi vários comentários como “235 milhões de pequenas, médias e grandes empresas geram pobreza”.
Ou seja, quando se substitui Capitalismo por 235 milhões a frase fica ridícula.
Por isso definir corretamente nossos rótulos é tão importante.
Aliás, nada eliminou a pobreza mais do que as empresas de cooperação mútua.
Antes do surgimento das fábricas de cooperação mútua em 1820, 92% dos homens estavam abaixo da linha de pobreza.
Trabalhando solo como ferreiros, cocheiros, costureiros, que cujo bem de capital era uma simples agulha.
Com o surgimento dessas 235 milhões de empresas ao longo do tempo, a pobreza comprovadamente caiu para 9% hoje, concentrada na África.
O continente menos capitalista do planeta, onde ela é de 34%.
Então vamos parar de dizer que Capitalismo gera pobreza, porque senão não há condições de diálogo, e diálogo é preciso.
Nós administradores sempre argumentamos que essas 235 milhões de empresas, 19 milhões das quais estão no Brasil, poderiam ser muito mais produtivas, pagando o dobro seus funcionários, gerando muito mais empregos.
Eficiência e organização é o que aprendemos, e não temos a menor dúvida que a eliminação dos administradores na União Soviética em 1918, foi a grande causa do fracasso socialista.
Vejamos, o Brasil que deveria ter proporcionalmente somente cinco milhões de empresas, ou seja nossas empresas são pequenas demais para serem eficientes, há muita “empresa” de uma pessoa só.
Há 30 anos esta tem sido minha bandeira, com pouco apoio da esquerda.
Alertando há mais de 40 anos a queda de produtividade em vez do seu aumento.
Que o verdadeiro problema são nossas empresas mal administradas, que não geram o valor que deveriam, que desperdiçam 20% da produção, que tem prejuízo e aí espremem salários para baixo.
Considero que o fechamento autoritário de nossas escolas de administração em 1946, para dar espaço para escolas de economia, é a principal razão do nosso atraso.
E fez com que o QI Administrativo médio do brasileiro fosse praticamente zero.
Vide a campanha contra o teto de gastos.
A esquerda pouco lutou nesse sentido, pelo contrário.
“Autogestão é mais eficiente do que administração”, escreve Paul Singer fundador do PT e incentivador da “economia solidária”.
No meu estágio de auditor, minha primeira tarefa foi contratar dois assistentes, “a nossa média salarial é entre 1.800 e 2.000 reais”, foram as instruções.
Ambos queriam 2.000 reais, mas para reduzir custos os convenci a aceitarem os 1.800 reais.
De noite passei mal, me senti um perfeito idiota.
Não era eu que pagaria os salários, eu não era acionista, eles iriam trabalhar para mim, e quanto mais motivados mais fácil seria a minha vida.
No dia seguinte os contratei por 2.000 reais.
Digo isso para mostrar que essa mentira que as 235 milhões de empresas querem pagar o menos possível é uma ficção de quem nunca trabalhou na vida.
Empresas querem pagar bem seus funcionários, e obter os melhores trabalhando com eles.
A maioria das empresas investe fortunas em treinamento e não querem perdê-los para os concorrentes que oferecem salários maiores.
Por isso cobrem a oferta e oferecem benefícios como seguro saúde, fundos de pensão e assim por diante.
Que há empresas sacanas entre esses 235 milhões, que há empresas que atrasam pagamentos, cujas condições de trabalho são deploráveis, obviamente que há.
Por isso criei em 1974 as Melhores e Maiores empresas, com dados cruciais para todos poderem escolher as melhores empresas para trabalhar.
Do que ficar no centro acadêmico discutindo como destruí-las.
Por Stephen Kanitz, é um consultor de empresas e conferencista brasileiro, mestre em Administração de Empresas da Harvard Business School e bacharel em Contabilidade pela Universidade de São Paulo.