Opinião – Será que teremos reforma tributária com Lula no governo?

A reformulação tributária do país traz grandes benefícios, entre eles, menos custos na produção, nos impostos injustos e regressivos em sua incidência, mais eficiência na arrecadação e confiabilidade. Escreve Yvon Gaillard

22/01/2023 11:13

“A estagnação do projeto de reforma tributária impede a indústria brasileira de desenvolver todo o seu potencial”

Imagem ilustrativa. Foto: Andre Taissin/Unsplash

O Brasil tem uma das maiores cargas tributárias do mundo. E a tão esperada reforma tributária, que está em discussão no Congresso Nacional há tempos, para que o sistema tributário seja menos burocrático, mais transparente e transmita maior segurança aos negócios do país, parece ter sido adiada para o próximo governo.

Podemos dizer que é unanimidade que o sistema tributário brasileiro precisa passar por uma ampla reforma diante do atual caos tributário. Muito se fala sobre os projetos da reforma tributária que estão sendo articulados no ambiente econômico, legislativo e tributário, por várias fontes, sendo impossível prever qual texto vai ser aprovado.

No cenário atual, acredito que as mudanças que dependerem do Congresso serão mais complexas. Isso porque provavelmente o debate político e a divisão dos parlamentares continuará muito nítida, ficando difícil falar de um cenário de reformas profundas, já que ainda não há uma clareza de como vai ser a formação do Legislativo.

Particularmente, acredito que, independente do resultado das eleições, não teríamos melhorias concretas, pelo menos no curto e médio prazo, em relação à tributação e diminuição de impostos. Os dois candidatos apresentaram campanhas e propostas sobre o tema, mas ambas dependem de uma movimentação robusta do Congresso – e isso só se daria em um claro cenário de maioria de apoiadores.

Olhando para o cenário que se desenhou, os planejamentos tributários para o ano que vem basicamente devem manter as mesmas diretrizes deste ano, considerando pelo varejo uma pacificação natural, pela anterioridade do Diferencial de Alíquota do ICMS-Difal, que começa a valer sem maiores questionamento a partir de 2023, e em geral acredito que será um planejamento tributário muito similar.

Vale lembrar que a reformulação tributária do país traz grandes benefícios, entre eles, menos custos para a produção, menos impostos injustos e regressivos em sua incidência, mais eficiência na hora de arrecadar e mais confiabilidade ao repartir e aplicar os recursos arrecadados. A estagnação do projeto de reforma tributária impede a indústria brasileira de desenvolver todo o seu potencial. Afinal, ela é uma das principais formas de tornar o país mais produtivo, confiável e seguro, atraindo assim investimentos internos e externos. Infelizmente, ela parece ainda bem distante de acontecer.

 

 

 

 

Por Yvon Gaillard, economista e pós-graduado em Direito Tributário pela FAAP, possui MBA em gestão empresarial pela BSP. É executivo e cofundador da Dootax.