Não se constrói uma democracia sólida sem a independência dos poderes. Pacheco já deu todos os sinais de que não preza por esta independência. Por isso mesmo ele precisa sair. Escreve Rodrigo Constantino
30/01/2023 11:46
“Talvez seja a única chance de colocar algum freio nesse abuso de poder atual.”
A eleição para a presidência do Senado esta semana é o mais importante acontecimento político desde a eleição para a presidência da República. Rodrigo Pacheco disputa a reeleição, e para a pacificação do país e o fortalecimento das nossas instituições, seria crucial que ele não vencesse.
Pacheco tem sido o maior obstáculo para levar ao plenário um dos sessenta pedidos de impeachment de ministros supremos. Nossa Constituição fala em harmonia e independência entre os poderes, e isso está abalado por conta do ativismo judicial hoje. Desobstruir essa pauta é fundamental, portanto.
Rogério Marinho corre por trás, mas consegue novas adesões a cada dia. O senador responsável pela reforma trabalhista no governo Temer e por várias mudanças importantes como ministro de Bolsonaro é uma pessoa de diálogo, capaz de costurar acordos com seus argumentos.
Eduardo Girão também lançou seu nome como candidato, mas está claro que apoiaria Marinho num segundo turno. Ambos representam a possibilidade de reforçar a independência do Senado, hoje ameaçada pela postura pusilânime e cúmplice de Pacheco.
O Brasil precisa fortalecer suas instituições, para depender menos de indivíduos. Mesmo quem considerava Bolsonaro uma ameaça à democracia precisa aceitar que Marinho nunca foi um radical, e que os abusos supremos passaram de todos os limites razoáveis, como aponta até a imprensa global.
Se o país quer evitar o destino venezuelano, então é importantíssimo que ocorra a troca no comando do Senado. Há quem diga que ministros supremos estariam até tentando interferir na eleição, o que seria abominável se for verdade.
Rogério Marinho escreveu: “Nós vamos comandar o Congresso Nacional ouvindo a todos, mas principalmente, devolvendo o protagonismo que o Senado perdeu no debate dos grandes temas. Vamos retomar o respeito à inviolabilidade dos mandatos, o respeito à liberdade de expressão e reequilibrar a democracia”. É isso!
Ele acrescentou: “Nossa candidatura é em defesa do estado de direito, das prerrogativas do parlamento e da liberdade de expressão. Estamos com todos aqueles que lutam para evitar o retrocesso e destruição das conquistas econômicas e sociais alcançadas nos últimos anos. Juntos a favor do Brasil!”
Não se constrói uma democracia sólida sem a independência dos poderes. Pacheco já deu todos os sinais de que não preza por esta independência. Por isso mesmo ele precisa sair. Talvez seja a única chance de colocar algum freio nesse abuso de poder atual.
Por Rodrigo Constantino, Economista pela PUC com MBA de Finanças pelo IBMEC, trabalhou por vários anos no mercado financeiro. É autor de vários livros, entre eles o best-seller “Esquerda Caviar” e a coletânea “Contra a maré vermelha”. Contribuiu para veículos como Veja.com, jornal O Globo e Gazeta do Povo. Preside o Conselho Deliberativo do Instituto Liberal.