Opinião – A lamentável fala de Lula sobre o agro brasileiro

a declaração infeliz de Lula pode levar à superfluidade da população ao estigmatizar os produtores rurais, sem levar em conta a diversidade de perspectivas e realidades presentes no setor do agronegócio. Escreve Fernando Freire Dutra.

18/05/2023 17:15

“A declaração infeliz de Lula pode levar à superfluidade da população ao estigmatizar os produtores rurais.”

Falas de Lula geram desconforto no agro. Foto: EFE/André Borges

No recente pronunciamento do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no qual ele rotulou o agronegócio como “fascista”, emerge uma oportunidade para uma reflexão aprofundada sobre a importância de um debate público responsável e construtivo. Nesse contexto, os conceitos de atomização social e superfluidade da população, explorados no livro As Origens do Totalitarismo de Hannah Arendt, se tornam particularmente relevantes.

De acordo com Arendt, a atomização social diz respeito à fragmentação dos laços sociais e ao isolamento dos indivíduos na sociedade. Esse fenômeno enfraquece os vínculos interpessoais e resulta na falta de engajamento coletivo. Por sua vez, a superfluidade da população surge nos regimes totalitários, nos quais determinados grupos são considerados dispensáveis, perigosos ou descartáveis, sujeitos a perseguição e marginalização.

Ao utilizar o termo “fascista” para descrever o agronegócio, Lula contribui para a atomização social, aprofundando a polarização no debate político e reforçando a divisão entre diferentes grupos da sociedade. Essa polarização impede a construção de pontes entre perspectivas divergentes e obstaculiza a busca por soluções efetivas para os desafios que enfrentamos.

Ademais, a declaração infeliz de Lula pode levar à superfluidade da população ao estigmatizar os produtores rurais, sem levar em conta a diversidade de perspectivas e realidades presentes no setor do agronegócio.

Lembre-se de que a polarização é um impulsionador do autoritarismo. Enquanto existir um confronto entre dois grupos, sempre haverá a percepção de uma verdade e uma mentira, pelo menos para um dos lados. É de suma importância promover o engajamento coletivo, a inclusão e o respeito mútuo como meios para superar a atomização social e evitar a superfluidade da população.

Diante desse panorama, é essencial analisar criticamente e estar atento as declarações dos líderes políticos. A estigmatização de setores específicos apenas dificulta o diálogo e a busca por soluções conjuntas para os desafios enfrentados pelo país, que são muitos. Promover uma abordagem mais ampla, que promova a compreensão mútua e o diálogo franco, é fundamental para uma sociedade mais unida e resiliente. Evitar a fragmentação social é a única forma de garantir um futuro melhor para todos os brasileiros.

 

 

 

 

Por Fernando Freire Dutra, bacharel em Relações Internacionais, mestre em Gestão e Políticas Públicas pela FGV, é mestrando em Negócios e Política Internacional na Georgetown University. Foi adido econômico adjunto na Embaixada do Brasil em Washington, DC, secretário municipal adjunto de Desestatização de Porto Alegre e diretor de Gestão do Ministério da Economia.

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