Opinião – As travas e lutas da Ferrogrão

Em decisão no STF, o ministro Alexandre de Moraes suspendeu a Lei 13.452/2017 que alterava os limites de cerca de 862 hectares do Parque Nacional do Jamanxim, no Pará, para a construção da ferrovia. Escreve Onofre Ribeiro.

30/05/2023 05:43

“Se não resolver escoamento, todo o sistema de transporte ficará travado”

São 933 km entre Sinop e o porto de Miritituba e o acesso aos portos do Arco Norte. Significa criar uma alternativa para o frete da alta produção do Médio Norte de Mato Grosso e baratear o custo do frete. Hoje ele é feito por caminhões partindo de Sorriso pro Norte.

Seria um contraponto à ferrovia Rumo, que hoje explora o trecho de 1.655 km entre Rondonópolis e o porto de Santos. Transporta 80 mil toneladas por dia e substitui 261 caminhões. Mas os produtores questionam o preço do frente cobrado pela Rumo.

Na semana passada o produtor Blairo Maggi me disse que a Rumo cobra apenas 5% menos do que o frete rodoviário. A competição com a Ferrogrão diminuiria esse valor.

Antes de entrar no mérito da oposição à Ferrogrão, é preciso recordar que em 2030, Mato Groso produzirá algo como 130 milhões de toneladas de grãos e de carne.

Se não resolver até lá parte da logística do escoamento, todo o sistema de transporte ficará travado. A rodovia BR-163, recentemente transferida para o governo de MT, já está no seu limite. Em 8 anos estará inviável, mesmo sendo duplicada até como lá como se propõe.

Os impedimentos para a Ferrogrão são legais, políticos, ambientais e de militância judiciária, sem falar na pressão dos EUA.

Em decisão no STF, o ministro Alexandre de Moraes suspendeu a Lei 13.452/2017 que alterava os limites de cerca de 862 hectares do Parque Nacional do Jamanxim, no Pará, para a construção da ferrovia.

Com isso, as obras ficam paralisadas. A Procuradoria Geral da República deu parecer favorável à construção na semana passada. Continua a briga judiciária.

É uma questão de tempo….

 

 

 

 

Por Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso.

Tags: