Opinião – 2013 o ano que nunca terminou 

É preciso focar nas eleições municipais como manutenção do pilar das mudanças provocadas por 2013, que é combate à corrupção, redução do estado e mais transparência e ética da gestão pública. Escreve Júnior Macagnan.

22/06/2023 05:35

“Dezenas de pessoas que percorreram de 2013 a 2018, se mantém atentas”

Foto: Cristiano Mariz/Agência Globo

Dez anos depois das maiores manifestações civis espontâneas do país, inclusive de Mato Grosso, dezenas de milhares de pessoas que percorreram de 2013 a 2018, a Avenida Getúlio Vargas da praça Alencastro à praça do Chopão, se mantém atentas.

Saíram às ruas donas de casa, estudantes, feirantes, trabalhadores, servidores públicos, empresários, avôs e avós sem partido, nem liderança contra 20 caros centavos que alimentaram, desde então, a massiva participação no debate da condução política do Brasil e de Mato Grosso. Este despertar permanece até hoje como legado.

Depois disso a política e o papel do estado na vida das pessoas passaram a ser a conversa dos almoços da família, das reuniões de amigos e dos intervalos de café no trabalho. Mais liberdade, menos imposto, menos privilégio para políticos e as primeiras discussões sobre liberalismo econômico e conservadorismo vieram a reboque e como consequência, cada comunidade tomou pra si sua “bandeira verde e amarela”  do agro, dos policiais, dos evangélicos até grandes entidades corporativas.

Ao contrário do que muitos pensam, pelo menos em Mato Grosso, nunca nenhuma liderança partidária ou político eleito, subiu nos carros de som. Deputados, vereadores e governador caminhavam lado a lado do cidadão, como sempre deve ser.

Diferente do movimento das Diretas Já e do impeachment do Collor, a partir de 2013 a população foi para as ruas e permaneceu.  Há muitas semelhanças nos públicos de 2013 e pós 2013, mas não nas lideranças, e o grande resultado foi o despertar do interesse constante do brasileiro por política. Muitos movimentos como Vem pra Rua, participei como liderança em MT, Muda Brasil, Nas Ruas e MBL nasceram deste meio.

Hoje, como se costuma dizer, os componentes do STF são mais conhecidos do que os jogadores da seleção brasileira de futebol, e estes movimentos foram de suma importância para incentivar a politização do povo. Atualmente há cultura política, mesmo com a polarização é possível acreditar na evolução, novas ideais estão sendo confrontadas com as velhas, é como a tese e a antítese, isso é mudança e isso incomoda aos estabelecidos, mas é inevitável neste mundo da informação.

A pluralidade de pensadores e ideias que surgiram com a exposição e audiência das redes sociais de centenas de analistas políticos alimenta o debate. E dá liberdade a quem quer opinar. A imprensa perdeu a hegemonia na agenda das discussões. Mas ainda se mantém como forte influenciadora.

Como entusiasta das ruas, mesmo diante de cenários atuais difíceis de prever é tempo de olhar pra frente, para o futuro. Não deixar escapar tudo que foi conquistado com essa conscientização política. E não é com ativismo judicial, de qualquer lado, que a gestão política deve seguir. É preciso manter repúdio e combater às velhas práticas de gestão, nomeações sem capacidade técnica, trocas políticas e de cargos. A pessoalização da administração pública ou a troca de benesses por lobby devem ser repudiadas.

Continuamos sem um projeto de pais, tão duramente pedido desde as manifestações. Apesar do cenário federal adverso, é preciso focar nas eleições municipais como manutenção do pilar das mudanças provocadas por 2013, que é combate à corrupção, redução do estado e mais transparência e ética da gestão pública.  É preciso focar atentamente na preservação da nossa liberdade, de dar mesma equivalência aos deveres e aos direitos, e manter a coragem de continuar a lutar por nosso estado e país, sem um pires na mão.

 

 

 

 

 

 

Por Junior Macagnan é empresário, ativista cívico e vice-presidente Institucional da CDL Cuiabá.