Nossas instituições estão em frangalhos, a representatividade parlamentar foi estuprada pelo “orçamento secreto” cuja existência a imprensa nem lembra mais. Escreve Rodrigo Constantino.
07/07/2023 11:24
“Todos fingem normalidade onde há apenas absurdo”
Divulgação /reprodução CNN
Vamos partir de algumas premissas. Primeira: o PT é basicamente uma organização criminosa com um projeto totalitário de poder; segunda: a reforma tributária aprovada a toque de caixa nesta quinta-feira não é aquela debatida “há décadas”, pois conta com inúmeros penduricalhos metidos lá de última hora, e os deputados votaram sem sequer conhecer o texto na íntegra; terceira: há ainda muita coisa indefinida que vai depender de regulamentação; quarta: há espaço para aumento de imposto pela União na canetada; quinta: a reforma representa maior centralização dos tributos; sexta e última: foram liberados mais de sete bilhões de reais em dois dias do “orçamento secreto” e a esquerda está em polvorosa celebrando a reforma aprovada, com mais impostos sobre os “ricos” e aspectos ideológicos, como imposto ecológico ou sobre o “pecado”.
Mas tem “conservador” festejando pois haverá “simplificação” em alguns tributos? Tem “direitista” achando que a postura de Tarcísio foi brilhante? Tem “democrata” aplaudindo a forma como se deu tal aprovação, sem o devido debate, com rios de dinheiro público jorrados para os parlamentares? Tem “liberal” que admite o cheque em branco para o PT, que votou contra a reforma de Paulo Guedes pois aumentaria impostos (falso), e tenta agora justificar o voto que tanta alegria trouxe para Lula, Janones, Boulos, Tabata e Gleisi?
O Brasil cansa. O Brasil não é para amadores. E, infelizmente, o Brasil em geral merece o destino que o aguarda, e não é nada maravilhoso. Há, sim, muita gente boa que vai sofrer por tabela. Mas temos uma elite corrompida, alienada, que só pensa nos seus interesses imediatos. Temos uma “direita” que nem se dá conta do inimigo que enfrenta, e é ingênua a ponto de se curvar para comunistas, para piratas perdulários, em troca de uma leve simplificação tributária, não importa como aconteça.
Nossas instituições estão em frangalhos, a representatividade parlamentar foi estuprada pelo “orçamento secreto” cuja existência a imprensa nem lembra mais, e todos fingem normalidade onde há apenas absurdo. Vamos celebrar a estupidez de uma nação!
Por Rodrigo Constantino, Economista pela PUC com MBA de Finanças pelo IBMEC, trabalhou por vários anos no mercado financeiro. É autor de vários livros, entre eles o best-seller “Esquerda Caviar” e a coletânea “Contra a maré vermelha”. Contribuiu para veículos como Veja.com, jornal O Globo e Gazeta do Povo. Preside o Conselho Deliberativo do Instituto Liberal.