Opinião – Novo Censo: o Brasil cresce onde o agro se fortalece

De acordo com o novo Censo do IBGE, as regiões Centro-Oeste e Norte, (…) foram as únicas com aumento populacional maior do que a média nacional. Escreve Pedro Lupion.

08/08/2023 08:47

“Esse é o agro, setor que vem ocupando, cada vez mais, o protagonismo da nossa economia e sociedade”

Colheita de algodão em propriedade rural no Mato Grosso. Foto: Viviane Tchalian/Governo do Mato Grosso

Não são raras as ocasiões em que nos deparamos com a perspectiva quase utópica de um mundo ideal, com oportunidades, ou pelo menos de um país que desejamos para nossos filhos e netos. A bem da verdade, na primeira linha que reproduzimos tal pensamento, a realidade já desaba sobre nosso horizonte e todo o resto não faz mais sentido imaginar. Tenho certeza de que isso já aconteceu com você, caro leitor.

Para a nossa sorte, existe, sim, um caminho por onde o emprego e a renda são elevados, a desigualdade murcha e as oportunidades são mais do que sinais de esperança para a população. Essa estrada é o nosso setor agropecuário, que supera dificuldades, qualifica e gera oportunidade e renda para todos os brasileiros.

De acordo com o novo Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as regiões Centro-Oeste e Norte, fronteiras reconhecidamente agrícolas, foram as únicas com aumento populacional maior do que a média nacional. Cresceram 1,23% e 0,75%, respectivamente. O significativo aumento explica a tendência de migração para localidades onde o setor produtivo é visto em larga escala. Reforça, também, a desaceleração do êxodo rural, que durante muitos anos foi causador do inchaço nas principais capitais brasileiras.

Segundo o Cepea/USP, de janeiro a março de 2022, a população ocupada no setor agropecuário brasileiro aumentou 6,2% e chegou a 18,74 milhões de pessoas. O grupo empregado no agro chega a quase 20% do total da participação do mercado de trabalho no país em fazendas, agroindústrias, entre outros elos da cadeia. Empregos que se espalham pelas cidades e indústrias próximas dos grandes centros urbanos, enveredando por outros segmentos que contemplam o setor produtivo.

O Brasil ganhou fôlego e o campo se tornou mais eficiente através de uma série de estratégias que passam pelo investimento em pesquisa e pelas políticas públicas para o setor rural. Mas o ganho foi muito além da porteira. A melhora é sentida na mesa do cidadão brasileiro, que o setor proporcionou a todos os rincões desse país.

Mas esse movimento não é de agora e tão pouco se trata de uma efemeridade. Em 16 anos, os PIBs de Mato Grosso, Tocantins, Piauí e Rondônia cresceram em ritmo muito superior ao de vários estados e, mais do que o dobro em relação ao Produto Interno Bruto do estado de São Paulo, por exemplo. O PIB elevado, nada mais é que um dos grandes atrativos para investimentos estrangeiros, aumento de renda, padrão da vida da população e aumento da competitividade do país. Atualmente, 25% do PIB brasileiro vêm do setor agropecuário.

De fato, nada relacionado ao agro brasileiro se criou de um dia para o outro, mas os resultados são consequência de investimento, pesquisa, tecnologia e inovação, e claro, políticas públicas destinadas ao produtor rural. Possivelmente, nenhum outro setor cuida da sua mão-de-obra assim.

O segmento, que nos anos 1970 saiu de mero importador para se tornar o segundo maior produtor de alimentos do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos, sonhou com a utopia e acordou com a realidade. Isso porque projeções do Departamento de Agricultura do mesmo país norte-americano consideram que o agro brasileiro deve liderar o aumento da produção de alimentos e das exportações até 2027. Em números, fomos de 30 milhões de toneladas de grãos para 315 milhões, em pouco mais de 30 anos, sem aumentar 25% da área produtiva.

Ainda que o futuro fosse o ano corrente, o agro continuaria apresentando números satisfatórios e resultados correspondentes ao papel de principal pilar econômico e social do Brasil. Já que, de acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o setor iniciou 2023 com superávit bem acima dos valores que consideram produtos dos demais setores juntos (US$ 8,69 bi contra US$ 2,61 bi). No que tange a geração de empregos, o setor produtivo, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), fechou o primeiro bimestre com saldo positivo de mais de 40 mil vagas.

Esse é o agro, setor que vem ocupando, cada vez mais, o protagonismo da nossa economia e sociedade. Os desafios são constantes, porém, na medida em que melhora a compreensão da sociedade sobre o setor produtivo nacional, torna-se mais fácil a defesa e o desenvolvimento dessa atividade tão importante.

 

 

 

 

Por Pedro Lupion, Deputado federal e presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA). Produtor rural ligado ao cooperativismo, tem graduação em Comunicação Social com ênfase em Publicidade e Propaganda; é mestre em Ciências Políticas pelas universidades Francisco de Vittoria e Rey Juan Carlos, na Espanha, e especialista em Comunicação Política e Campanhas Eleitorais pela Georgetown University e em Administração Pública e Governança pela George Washington University, Estados Unidos.

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